segunda, 14 de julho de 2025
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CÉSAR SOUZA – O DESPERDÍCIO DO MICRO GERENCIAMENTO

Redação - 14/07/2025 05:00 - Atualizado 14/07/2025

Quem nunca conviveu com um fundador de empresa, um empreendedor ou um executivo de alto nível que se caracteriza por um estilo de liderança que exerce controle excessivo e atenção aos mínimos detalhes sobre o trabalho dos seus liderados?

E quem nunca conviveu com executivos profissionais que, em nome da delegação, vivem a dez mil metros de altura tomando decisões baseados em informações superficiais, e que ficam repetindo o mantra “eu não me envolvo em detalhes” até serem ejetados por resultados muito ruins?

Os dois extremos, o do excessivo controle de detalhes e o da “delargação” são sempre maléficos. A virtude está sempre no equilíbrio da dosagem adequada para o momento. Sabemos que um bom medicamento pode curar, mas também pode levar o paciente a óbito.

Apesar da melhor das intenções – a de garantir a qualidade e o cumprimento de prazos pactuados, a prática excessiva do micro gerenciamento, quando passa do ponto, pode ser prejudicial para todos.

Para a equipe, resulta quase sempre na infantilização dos seus membros. um convite inconsciente para que passem a delegar para cima. Para o próprio líder, ocasiona um desperdício de tempo e energia desproporcional ao que deveria ser utilizado para questões mais estratégicas ou, pelo menos. táticas da empresa.

Alguns atributos do micro gerenciamento são bem conhecidos: dificuldade em delegar; falta de confiança na equipe; percepção de baixo grau de maturidade dos liderados e do despreparo das equipes para as missões. Se essas características se somam ao típico perfil do líder perfeccionista — medo de falhar; inexperiência previa em delegação bem sucedida; e a consequente dificuldade de desapegar do operacional, nos defrontamos com um ciclo vicioso  que se auto alimenta.

Para se libertar do micro gerenciamento, o líder precisa dar pelo menos três passos se deseja evoluir para um patamar mais inspirador, focar mais nas oportunidades e passar a produzir resultados  mais relevantes, em vez de ser um mero apontador de problemas:

Passo #1:  Desenvolver sua Autoconsciência e o seu Autoconhecimento.                           Admitir que o microgerenciamento é um problema e entender seus impactos negativos. Refletir sobre suas ações diárias. Identificar melhor quais tarefas deve delegar e quais se recusa a fazê-lo. Criar um ambiente seguro onde as pessoas ao seu redor possam fornecer feedback honesto sobre seu estilo de gestão. Aprimorar seu estilo pessoal e definir prioridades mais estratégicas. Gerenciar por resultados, não por tarefas, Dar mais liberdade para a equipe encontrar as melhores formas de alcançá-los. Enfim, aceitar a imperfeição, entender que nem tudo será feito exatamente à sua maneira, e que isso não é um problema.

Passo #2:  Desenvolver uma Equipe Competente Contratar as pessoas certas, Investindo tempo e recursos no recrutamento de profissionais competentes, proativos e alinhados com a cultura da empresa. Delegar com clareza, definindo os objetivos, resultados esperados e recursos disponíveis, mas dando autonomia sobre o “como” fazer. Estabelecer expectativas claras, definir metas e métricas de desempenho claras para que a equipe saiba o que é esperado e possa ser responsabilizada por seus resultados. Empoderar a equipe: Incentivar a tomada de decisões em todos os níveis, mesmo que isso signifique pequenos erros. Avaliar os membros da sua equipe com base na meritocracia e não ser muito complacente com quem não sabe aproveitar as oportunidades de delegação.

Passo #3:  Estabelecer processos robustos e confiáveis, reduzindo o personalismo e a dependência a um indivíduo. Processos adequados garantem que as tarefas sejam executadas de forma consistente, mantendo um padrão de qualidade. Isso reduz a necessidade de verificação constante.

O fundador, empreendedor ou executivo que deseja ser inspirador não pode e não deve ter receio de ser percebido como irrelevante. Ou seja, que a empresa conseguiu sobreviver e se desenvolver sem estar mais no comando.

Pelo contrário, deveria sentir orgulho de que passará agora a atuar em novo papel e está colocando a empresa em novo patamar.

Utilizando uma metáfora: empresa é campeã da Série B, cabe ao líder agora fazê-la brilhar na Série A. Esse o seu papel. Se insistir em fazer microgerenciamento na Série B, ela jamais brilhará na elite dos campeões.

O verdadeiro líder inspirador sabe que o seu maior legado é uma equipe que possa sucedê-lo e tocar o barco lá na frente, perpetuando a sua obra. E isso não acontece da noite para o dia!

 

 

 

 

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