Conta-se que o Vento dizia que era mais forte que tudo e arrotava ser o mais poderoso entre os poderosos. Valentão, achou que podia arrancar o casaco de um viajante soprando com força. Mas não deu certo. Quanto mais ele soprava, mais o homem segurava o casaco. E o vento desistiu e o deixou ir embora. O Sol, que tudo via, disse, então, ao valentão: “Você continua um borra-botas. Brada, grita, faz zoada, mas sempre volta atrás. Veja como alguém inteligente faz as coisas”. Então o Sol aqueceu suavemente o dia, e o homem, com calor, tirou o casaco por vontade própria.
A fábula de Esopo cai como uma luva para Donald Trump, o valentão do mundo moderno. Por falta de neurônios e, naturalmente, de escrúpulos, o presidente americano quer fazer negociações comerciais na base do grito, tentando achacar e chantagear os países mais fracos.
Esta semana fez isso com o Brasil, impondo uma tarifa de 50% às exportações de produtos brasileiros para os Estados Unidos. Nenhum fato econômico justifica tal atitude, afinal, todos sabem que o Brasil tem déficit no seu comércio com os Estados Unidos. Trump sabe disso e usou as relações comerciais como pretexto para supostamente punir os brasileiros que não estão se alinhando com suas posições ditatoriais. Deu um tiro no pé, se há algo que brasileiro não atura é ver outro país imiscuir-se em seus assuntos internos; é ver um líder de outra nação atacar a soberania brasileira de maneira torpe. Trump atacou a soberania do Canadá ao afirmar que o país não passava de mais um estado americano, mas os canadenses se uniram, resistiram, e o valentão voltou atrás. O ataque agora foi contra o Brasil e a soberania nacional, e os brasileiros precisam se unir.
As tarifas de Trump são provavelmente mais um jogo de cena. O ferrabrás é mestre em fazer chantagem, por isso ameaça com tarifas, mas diz que só vai aplicá-las em agosto, já acenando com negociações. E, digo aos meus leitores sem temor, que ele voltará atrás, como voltou com a China e com outros países, pelo simples motivo de que as tarifas prejudicarão aos dois países, embora prejudiquem muito mais ao Brasil. Mas essas tarifas não vingarão. Trump é como aquele pastor de cabras que vivia sozinho no campo e gritava “lobo” “lobo”, para que as pessoas assustadas viessem admirar seu rebanho. Mal sabe ele, que como o personagem da fábula, um dia o lobo aparecerá de verdade e não haverá ninguém, pois já ninguém acredita mais nele.
O Brasil precisa se unir contra esse ataque e responder como o Sol da fábula de Esopo, de forma racional, sem arroubos ou ranger de dentes – ao contrário do modo como lutam os néscios. Devemos estar dispostos a negociar, mas sem jamais colocar nossa soberania à venda. O Brasil precisa se unir e os políticos que ficarem contra nossa soberania em busca de benesses políticas serão julgados nas urnas.
Publicado no jornal A Tarde em 11/07/2025
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