O cenário na economia mundial é de incerteza com as primeiras medidas adotadas por Donald Trump. E a incerteza atinge não só o Brasil e outros países, mas o próprio Estados Unidos. O presidente Donald Trump assinou decreto colocando tarifas de 25% na importação de aço e alumínio para todos os países do mundo. Seu objetivo, ao que parece, é estimular a indústria siderúrgica americana para que ela aumente a produção e gere mais empregos.
É um tipo de política que se fazia no século passado e, geralmente, dá errado. A política de substituição de importações não faz sentido no mundo moderno, que é regido pela máxima: cada país deve produzir aquilo em que é mais competitivo. O economista David Ricardo dizia isso no século XIX. Os americanos são bons em alta tecnologia, mas ineficientes na produção industrial de matérias primas, como o aço.
Para começar, os Estados Unidos não são autossuficientes em aço e vão continuar tendo de importar o produto, só que agora a preço mais alto. A medida pode estimular a implantação de novas indústrias no território americano, mas isso não se faz da noite para o dia e, portanto, a siderurgia americana, que é ineficiente, vai aumentar preços frente ao aumento da demanda. As fábricas de automóveis e da linha branca vão ter de comprar chapas de aço mais caras do que no mercado internacional e isso vai afetar toda a cadeia produtiva. O efeito imediato será o aumento da inflação, pelo menos até que haja aumento da produção.
Mas ninguém sabe muito bem o que Trump quer e há quem diga que sua intenção é atrair empresas estrangeiras para produzir na América. Uma bobagem. O aço no Brasil e, especialmente na China, é barato porque a mão-de-obra nesses países é barata enquanto nos Estados Unidos é caríssima e vai ficar mais cara agora que os imigrantes estão sendo expulsos.
Perdoai-vos Ricardo, Trump e seus asseclas não sabem o que fazem! Não sabem sequer que o comércio internacional é complexo, uma rede de trocas na qual ao mover-se uma peça dezenas de outras se movem. Por exemplo: o Brasil compra muito carvão metalúrgico dos Estados Unidos para produzir aço e se a produção brasileira for reduzida por causa das tarifas, as compras deste insumo também cairão prejudicando os americanos.
Há quem diga que isso não passa de uma estratégia para negociar melhores termos no comércio internacional. Pode ser, Trump, não é avesso a negociações e pode obter vantagens com outros produtos. O Brasil, por exemplo, impõe tarifas ao etanol americano da ordem de 15% e aí poderia estar um benefício para voltar atrás na tarifa do aço. Mas tudo indica que o interesse de Trump é outro, é simplesmente atender ao “cinturão da ferrugem” – estados de Michigan, Minnesota, Ohio, Iowa, Pensilvânia e Wisconsin –, que votou nele em massa e cujas indústrias nos ramos siderúrgico, mecânico, metalúrgico, automobilístico não tiveram condições de competir com a China e outros países.
É como se, ao invés de olhar para o futuro, investindo em carros elétricos e ramos tecnologicamente avançados, Trump quisesse voltar ao passado. Uma nova versão dos ludistas da Inglaterra pré-industrial que queriam destruir as máquinas, pois elas tiravam empregos dos trabalhadores. Não é um bom sinal, quando o Império, que devia ser a ponta de lança do futuro, almeja voltar ao passado.
O fato é que Donald Trump trouxe a incerteza para o mundo econômico e isso vai reduzir os investimentos, pois empresários são avesso à incerteza. Quanto ao Brasil, deve ater-se exclusivamente à negociação, sem arroubos ou declarações bombásticas, focando apenas no restabelecimento dos negócios, seja através de cotas ou outros expedientes. Ao mesmo tempo, deve se reposicionar no mercado internacional, avançando nas negociações com outros países, como China e Índia e lutando, com todos os argumentos, para agilizar a aprovação do acordo Mercosul/União Europeia.
TRANSIÇÃO ENERGÉTICA: A BAHIA VAI BOMBAR
Os investimentos em energia renovável na Bahia vão se acelerar com duas leis aprovadas que tiveram como relator o deputado Arnaldo Jardim. Uma delas é a lei do marco legal do hidrogênio verde, que trouxe segurança jurídica e incentivos para o setor. A outra é a Lei do Combustível do Futuro, que prevê o estímulo aos biocombustíveis, biometano e etanol de milho, que na Bahia já tem o investimento da Inpasa, na região Oeste. Essa lei prevê também a criação do Programa Nacional de Combustível Sustentado de Aviação, que também já tem projeto na Bahia, através da Acelen. E, a nível estadual, será sancionado pelo governador a lei que cria o Programa Estadual de Transição Energética (Protener).