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ARMANDO AVENA – DOIS DESAFIOS PARA A ECONOMIA BRASILEIRA

Redação - 18/04/2024 08:56 - Atualizado 19/04/2024

Há dois desafios na pauta econômica do governo que precisam ser enfrentados. O primeiro é o recuo fiscal anunciado esta semana, o outro a necessidade iminente de aumentar os preços da gasolina e do diesel. Na visão deste economista, o segundo desafio é muito maior que o primeiro. Na questão fiscal, não houve nenhuma novidade. O mercado já havia precificado que a meta de superávit primário de 0,5% do PIB em 2025 não seria cumprida. O que se viu foi a oficialização e a meta agora será déficit zero, igual a deste ano. Esta meta de 2024, também não será cumprida, vai ser mudada em breve e o mercado sabe disso.

Isso significa que o governo diminuiu o ritmo de esforço fiscal e por um motivo simples: não há mais espaço para aumentar impostos e  não existe uma política de corte de gastos. Ou seja, o governo está admitindo que o ajuste fiscal será mais gradual do que o previsto, que vai demorar mais para estabilizar a relação dívida/PIB, que só deverá cair a partir de 2027. Em outras palavras, o governo atual vai manter a austeridade fiscal, mas no atual patamar, deixou o ajuste nas contas, que vai implicar em corte de despesas, para o próximo governo. Mas o que significa isso no curto prazo? Muito pouco. O dólar não está subindo por causa disso, mas se valorizando no mundo inteiro por causa da tensão mundial e dos juros americanos.

O arranjo fiscal é um problema de longo prazo e pode até levar alguma incerteza ao mercado e, a depender do comportamento da inflação, reduzir a velocidade no corte de juros, mas nada além disso. Esse problema só passaria a ser grave se o governo eliminasse todas as travas fiscais e passasse a gastar muito acima das suas possibilidades o que, pelo menos por enquanto, não parece ser o caso.

Se os efeitos da marcha-ré fiscal são mais de longo prazo, os efeitos do iminente aumento dos derivados de petróleo é de curtíssimo prazo e pode trazer graves transtornos na economia.  O problema é que a defasagem do preço da gasolina no Brasil em relação ao preço internacional está em torno de 20% e, com as tensões no Oriente Médio, essa defasagem tende a aumentar. Além disso, a valorização do dólar está ampliando a defasagem de preços.  Ora, a Petrobras está há quase 6 meses sem reajustar a gasolina e há quase 4 meses sem alterar o preço do diesel. E mesmo a Refinaria de Mataripe, que faz reajustes semanais, têm defasagem em torno de 9% na gasolina e no diesel.

Por mais que o governo insista em adiar os reajustes, a Petrobras terá que aumentar os preços dos derivados, sob pena de começar a comprometer suas finanças. E esse sim é um enorme desafio no curtíssimo prazo, pois o impacto no reajuste da gasolina e do diesel gera aumento de preços em toda a cadeia produtiva e no transporte de produtos com impacto na inflação, afinal, só a gasolina pesa 5% no IPCA e tem o diesel e o gás de cozinha. Esse é o grande desafio do governo neste momento, aumento de combustível, significa pressão inflacionária e, portanto, será um freio na queda dos juros.

                            A BAHIA E OS SUPERMERCADOS

A Bahia tem seis supermercados entre os 110 maiores do país, segundo o ranking 2024, divulgado pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras). O Atakarejo é a maior rede do Estado e a 24ª maior do país, com faturamento de R$ 4,3 bilhões. Depois, vem a Rede Mix, (77º lugar) e o Hiperideal (84 º lugar) com receita de R$ 1 bi e R$ 890 milhões, respectivamente. Dois novos supermercados de Salvador, o Hipercompras Atacado e a Rede Forte, aparecem na lista pela primeira vez, com faturamento acima de R$ 600 milhões. A rede Novo Mix completa o top 6. No interior, destacam-se os supermercados Itão em Itabuna, Pereira em Cachoeira, Santo Antônio em Conquista e Rede Kinze em Camaçari.

                                  BAHIA OIL & GAS ENERGY,

Começa na próxima segunda-feira no Centro de Convenções, a Bahia Oil & Gas Energy, um evento internacional com foco no setor de petróleo e gás, da maior importância para a Bahia e para o Brasil. A produção de petróleo onshore e offshore, o transporte, o refino, a petroquímica, a engenharia naval e integração energética são temas do encontro. A Bahia é um estado especializado em petróleo e gás e grande parte do seu PIB e da sua arrecadação vem desse setor. A petroquímica, que registrou queda da produção e vendas em 2023; a rearrumação das juniors oil;  a possibilidade da refinaria de Mataripe voltar a ter participação da Petrobras; o mercado de gás; e outros devem ser discutidos.

Publicado no jornal A Tarde em 18/04/2024

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