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LULA DEMONSTRA QUE É CANDIDATO À REELEIÇÃO E COMEÇA A PERCEBER QUE TERÁ DE USAR AS ARMAS COM AS QUAIS SE LUTA NAS REDES SOCIAIS

Redação - 20/01/2025 15:22

Para um bom entendedor, meia palavra basta e o presidente Lula disse essa meia palavra nesta segunda-feira (20), em reunião ministerial realizada na Granja do Torto, mostrando que é candidatíssimo à reeleição.

Na verdade, o presidente afirmou aos ministros que 2026 já começou e que não pretende entregar o país “de volta ao neonazismo”, em referência explícita a Jair Bolsonaro. Ora, para que isso aconteça – especialmente se Bolsonaro conseguir derrubar sua inelegibilidade – o único nome da esquerda capaz de vencer a eleição é do próprio Lula.

Ao que tudo indica, o episódio do Pix e sua repercussão negativa nas redes sociais abriram os olhos do presidente, que percebeu a movimentação da direita nesses ambientes digitais.

Não foi surpresa a reação de Lula, afinal, até os cisnes do Palácio da Alvorada sabem que ele será candidato, e foi mirando a reeleição que ele falou aos seus ministros:

“Dois mil e vinte e seis já começou. (…) É só ver o que vocês assistem na internet para perceber que já estão em campanha. A antecipação de campanha, para nós, é trabalhar, trabalhar, trabalhar e entregar o que o povo precisa”, disse o presidente.

Lula está certo: a campanha já está nas ruas – ou nas redes. Seu partido e seu ministério precisam aprender a trabalhar com essas ferramentas, pois elas já antecipam o confronto, que trará novos ingredientes.

Em 2026, as redes sociais ligadas ao bolsonarismo e aos partidos de direita terão a seu favor o fato de os Estados Unidos possuírem um presidente próximo da direita e do clã Bolsonaro. Além disso, contarão com o histriônico Elon Musk, que já apoia candidatos de direita em países europeus, interferindo diretamente nas campanhas.

Trump e Musk parecem não ter limites quando se trata de impor suas ideias a outros países, ainda que suas funções governamentais, em tese, sejam restringidas pela diplomacia.

Lula já percebeu que precisa convencer a população de que está fazendo um bom trabalho e de que será candidato à reeleição, mas sabe que precisa comunicar isso politicamente e com obras e ações. Os resultados econômicos, ao que tudo indica, não serão suficientes para seduzir o eleitorado.  Na reunião, Lula cobrou pressa na entrega dessas obras e ações por parte dos ministérios.

Por outro lado , o presidente finalmente percebeu que precisa repensar sua relação com partidos políticos que não apoiarão sua reeleição. E chegou a dizer que é necessário avaliar se os partidos que compõem sua base apoiarão a continuação da gestão no processo eleitoral de 2026.

Ora, já se sabe que União Brasil e PSD, cada um com três ministérios na Esplanada, já declararam que terão candidatos próprios e o presidente  afirmou, como se olhasse diretamente para os ministros desses partidos:

“Temos vários partidos políticos. Eu quero que esses partidos continuem juntos, mas estamos chegando no processo eleitoral e não sabemos se os partidos que vocês representam querem continuar trabalhando conosco ou não. E essa é uma tarefa também de vocês no ano de 2025.”

O presidente quer acelerar obras e ações e, para isso, nomeou Sidônio Palmeira para a Secom – Secretaria de Comunicação da Presidência. Ele quer dar visibilidade ao que for realizado.

Não será uma tarefa fácil. Grande parte do eleitorado parece manipulada pelas redes sociais, e o novo ocupante da Secom terá, não só o desafio de dar visibilidade às ações do governo, mas também de entrar na batalha travada nas redes diariamente.

Lula é candidato à reeleição, e não há dúvidas quanto a isso. A dúvida, ao que parece, é se ele passará a usar nas redes sociais as mesmas armas nas quais seus adversários são mestres.

(EP – 20/01/2024)

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