domingo, 24 de novembro de 2024
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BAHIA TEM MAIS DE 300 MIL EMPRESAS INADIPLENTES, DIZ SERASA

João Paulo - 18/09/2024 19:00

A inadimplência atingiu 1.120.886 empresas na região Nordeste em julho deste ano, como aponta o Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian. Neste cenário desafiador, impactado pela alta de juros e outros fatores econômicos, a Bahia se destaca como líder do ranking regional de endividamento de companhias, com 318.446 negócios inadimplentes no referido mês.

Em contato com o portal Bahia Econômica, o presidente do Sindicato dos Lojistas do Estado da Bahia, Paulo Mota, afirmou que o comércio no estado está enfrentando uma série de dificuldades no sentido de pagamento de impostos e durante a campanha não se tem observado nenhuma proposta de impulso a atividade econômica.

“As atividades produtivas na Bahia tem sofrido com a falta de políticas públicas para incentivar a atividade econômica. Não existe nenhuma iniciativa, mesmo estando no ano eleitoral, não teve nenhuma manifestação de buscar uma maneira de desonerar os empresários de uma série de execuções que estão na justiça comum e também protestos de inadimplência de impostos. Isso é muito preocupante”, explicou.

Segundo a pesquisa do Serasa, este montante corresponde a 29,5% do total empresas e, proporcionalmente, projeta a Bahia para a quinta colocada dentre os demais estados da região. O primeiro lugar no ranking regional, percentualmente, é ocupado por Alagoas, que possuía 83.152 CNPJs inadimplentes em julho, o que representa 42,4% das empresas, a maior taxa do país.

Como explica o economista Luiz Rabi, a interrupção na queda das taxas de juros, que vinha se mantendo estável, pode contribuir para a permanência da alta inadimplência, principalmente para as dívidas de longo prazo. “Empresas com esse tipo de endividamento enfrentam riscos maiores e o aumento das taxas de juros pode resultar em pagamentos mais altos, complicando a gestão financeira”, aponta.

O especialista ainda analisa o quadro inadimplência sob o viés da incapacidade de refinanciar ou renegociar essas dívidas por parte das empresas, o que pode levar à insolvência. “Além disso, a valorização do dólar adiciona uma pressão extra, pois os importadores de insumos ou produtos são diretamente impactados. O fortalecimento do dólar encarece essas importações, reduzindo as margens de lucro e prejudicando a liquidez necessária para cumprir com as obrigações financeiras”, detalha Rabi.

Panorama nacional

Ainda conforme o levantamento da Serasa Experian, cada CPNJ inadimplente registrou, em média, sete dívidas em julho deste ano. Quando somadas, as mais de 6,9 milhões de dívidas registradas em todo o país chegaram a totalizar cerca de R$ R$ 147,1 bilhões. O setor de “Serviços” representou a maior parte das empresas com compromissos negativados (55,9%). Em sequência estava o “Comércio” (35,6%), seguido pelas “Indústrias” (7,3%), “Primário” (0,8%) e a categoria “Outros” (0,3%), que engloba o segmento Financeiro e o Terceiro Setor. Em relação ao setor das dívidas, a categoria “Outros” representou a maior parte delas (28,9%) seguida por “Serviços” (28,8%).

Do total de companhias negativadas, 6,5 milhões são micro e pequenos negócios e, segundo a Serasa, considerando apenas as empresas desses portes, existiam em julho mais de 45,2 milhões de dívidas e a soma desses débitos totalizava R$ 126,4 bilhões. “Os empreendimentos de portes menores são, naturalmente, mais impactados pelas dificuldades financeiras, já que possuem menor fôlego no fluxo de caixa e pouca reserva emergencial”, completa Rabi.

 

Imagem de Gerd Altmann por Pixabay

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