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ARMANDO AVENA – POR QUE OS BRASILEIROS ESTÃO PESSIMISTAS COM A ECONOMIA?

Redação - 28/03/2024 08:43 - Atualizado 28/03/2024

Recentemente, o economista Paul Krugman fez uma pergunta em sua coluna publicada no The New York Times: Por que os americanos estão pessimistas com a economia? Faço aqui a mesma pergunta aos brasileiros.

Krugman mostra que nos Estado Unidos de hoje o desemprego está abaixo de 4%, a inflação está em torno de 3% e o PIB está crescendo. Apesar desse bom desempenho, ele mostra que, em pesquisa recente no estado do Michigan, 65% dos americanos disseram que a economia não estava tão boa ou estava ruim. Mas quando perguntados sobre suas finanças pessoais, eles diziam que estava melhorando e 61% afirmaram que estavam em excelente ou boa situação. Parece estar havendo uma desconexão entre a experiência pessoal e as narrativas, diz o economista.

A mesma coisa está acontecendo no Brasil. Por aqui, o PIB cresceu quase 3% o ano passado, a taxa de desemprego está 7,5%, uma queda de 10% em relação a dezembro de 2022, e a inflação está dentro da meta.  Além disso, a taxa de juros, que estava 13,75% ao ano, caiu para 10,75% e o Brasil voltou a ser listado entre as 10 maiores economias do mundo. Apesar disso, pesquisa Datafolha realizada esta semana, mostra que a 41% dos entrevistados acham que a economia está piorando e quase 30% que vai piorar ainda mais. É verdade que no caso do Brasil um problema conjuntural ajudou a criar a impressão de que a economia vai mal, afinal, houve uma forte alta nos preços dos alimentos no início do ano, provocada por problemas climáticos. Mas, ainda assim, a inflação como um todo está controlada, se não o Banco Central não reduziria os juros e, semelhante aos Estados Unidos, a situação financeira das pessoas está melhorando. Houve aumento de 7% no rendimento real do trabalhador em 2023 e, em janeiro de 2024, houve crescimento no volume de serviços e a criação de 180 novos empregos com carteira assinada.

Fenômeno idêntico está acontecendo no mercado financeiro onde, segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada semana passada, a avaliação positiva do trabalho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad é de 50% e a avaliação negativa caiu para 12%. Mas, apesar disso, 71% dos entrevistados dizem que a política econômica está no rumo errado. Ora, está havendo uma desconexão entre o que está acontecendo e a narrativa do que está acontecendo.

Então, volta a pergunta: Por que os brasileiros estão pessimistas com a economia? A resposta é a mesma dos Estados Unidos: as pessoas, e o mercado, estão ignorando as estatísticas que indicam que o Brasil vai bem sob o ponto de vista econômico e formando sua opinião baseada em motivos políticos, a exemplo das falas e declarações do Presidente Lula.

Isso é nítido, mas, ao mesmo tempo, pode ser que a população não esteja satisfeita com o que já teve antes, pode ser que esteja querendo mais do que uma economia relativamente estável e programas de complementação de renda, e que anseie por mudanças estruturais no país, que passem pela solução dos problemas de segurança pública, pelo maior acesso à saúde e educação e por maior distribuição da renda e da riqueza.

                  DÍVIDA DOS ESTADOS: O NORDESTE PERDE

Os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul concentram 87% dos R$ 826 bilhões da dívida líquida dos estados com a União. O que significa que os financiamentos que o estado brasileiro deu aos estados para a realização de obras e serviços privilegiaram o Sul e Sudeste. O rio corre para o mar! A renegociação dessa dívida, proposta pelo governo federal, vai no caminho certo ao estimular a aplicação de recursos no ensino técnico, mas fortalecerá a desigualdade regional e concentração de recursos no Sul e Sudeste. Os governadores de lá se uniram em bloco para pressionar o governo. Os governadores daqui precisam fazer o mesmo e pedir compensações.

                                 A UNIPAR VAI BEM, OBRIGADO

Esta coluna cometeu um pequeno equívoco na semana passada quando, comentando sobre o processo de fusões e aquisições nas indústrias baianas, citou a Unipar, empresa líder na produção de cloro e soda e a segunda maior produtora de PVC na América do Sul. A nota não queria se referir à Unipar, mas à fábrica de fertilizantes que foi arrendada pela Unigel e neste momento está com as atividades paralisadas. A Unipar, pelo contrário, está investindo R$ 140 milhões em uma nova planta no Polo Industrial de Camaçari para atender o aumento da demanda por cloro e soda. A Unipar também se destaca pelo investimento social na Bahia nas áreas de educação, arte e cultura, esportes e ação social.

Publicado no jornal A Tarde em 28/03/2024

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