Os candidatos ao governo da Bahia estão praticamente definidos: ACM Neto saindo pelo União Brasil; Jerônimo Rodrigues pela aliança comandada pelo PT e apoiado por Lula; e João Roma saindo pelo PL com apoio de Bolsonaro.
Esse cenário leva imediatamente a uma pergunta: qual será a estratégia de João Roma nessa empreitada?
Cabe dizer que o presidente Jair Bolsonaro não tinha outra alternativa a não ser lançar Roma como candidato para assim ter palanque no 4º maior colégio eleitoral do país. Mas hoje o ex-presidente Lula lidera com folga em todas as pesquisas na Bahia, o que deve catapultar o candidato do PT Jerônimo Rodrigues. Já ACM Neto lidera a corrida eleitoral com uma posição confortável, segundo as pesquisas, e com uma aliança partidária que lhe dá o maior tempo na televisão.
O que resta então para o candidato João Roma, que não tem tempo na televisão, nem aliança partidária forte no Estado? Quais as suas possíveis estratégias de campanha? Vejamos algumas hipóteses:
1- Roma elegeria Jerônimo Rodrigues como adversário prioritário no primeiro-turno para assim tentar repetir na Bahia a polarização Lula/Bolsonaro. Essa estratégia preservaria ACM Neto que, nesse cenário, poderia garantir o apoio ao Presidente no segundo turno.
2- Roma elegeria ACM Neto como adversário prioritário no primeiro turno, para assim reduzir a liderança do ex-prefeito junto ao eleitorado, apostando na força de Bolsonaro e jogando tudo na hipótese de federalização da eleição estadual.
3- Roma entraria no jogo com o único objetivo de dar um palanque a Bolsonaro, se movimentando de acordo com o processo eleitoral.
A primeira hipótese é plausível até porque na chapa de Neto está João Leão, que é vice-presidente do PP, que nacionalmente apoia o presidente Bolsonaro. No entanto, em vários estados o PP vai privilegiar a formação de uma bancada forte e em alguns deles seus interesses não serão iguais aos do Presidente. E Leão sequer descartou a possibilidade de votar em Lula.
A segunda hipótese, que consolida a posição de Roma como desafeto de Neto, embute até a possibilidade de que ele se alie a Jerônimo Rodrigues nos ataques a ACM Neto para assim reduzir a liderança do ex-prefeito junto ao eleitorado. Aliás, o encontro entre Roma e Jaques Wagner no gabinete do senador semana passada (aqui) não foi desmentido e o assunto de tão inesperado bate-papo não foi divulgado. Essa hipótese cai como uma luva para o PT e seu candidato Jerônimo Rodrigues, que adorariam enfrentar no segundo turno o candidato de Bolsonaro, mas ainda precisa de desdobramentos para se tornar realista.
A terceira hipótese é a mais provável com Roma entrando no páreo já sabendo que não venceria e apenas com o propósito de dar um palanque a Jair Bolsonaro. Jogaria solto batendo no PT, mas preservando ACM Neto, afinal Bolsonaro não pode queimar os navios que o levariam ao ex-prefeito no segundo-turno. (EP – 28/03/2022)