Alguém já se perguntou por que o ex-presidente Lula quer, mesmo contra a vontade de inúmeros quadros do PT, a presença de Geraldo Alckmin na sua chapa, na qualidade de candidato a vice-presidente. Os políticos do PT, ou a maioria deles, acham que Lula já disparou na frente e pode ser eleito no primeiro turno e não precisa de Alckmin para nada.
Lula sabe muito mais de política do que os quadros petistas e sabe que Alckmin trará poucos votos para sua campanha, mas não é votos que o ex-presidente precisa e, sim, da credibilidade e da segurança que a presença de Alckmin vai dar à chapa do PT. Quando a campanha começar de verdade, o bombardeio contra Lula virá de todos os lados e terá sempre como mote a corrupção no seu governo, incluído aí mensalão, petrolão, sítio de Atibaia, triplex do Guarujá e por aí vai.
Lula já tem fortes elementos para enfrentar o bombardeio, como as decisões do STF que anularam as sentenças, as acusações de parcialidade e de ação política por parte do ex-juiz Sérgio Moro e muitas outras explicações, mas a força das imagens na TV e nas redes sociais poderá afastar os eleitores de centro e reduzir a força que o presidente demonstra agora nas pesquisas eleitorais. E esse eleitor de centro é fundamental para dar a vitória a Lula.
É aí que entra Alckmin, um político sem nenhum carisma, mas com de alta credibilidade, sem mancha de corrupção em sua carreira e que será um atrativo para o eleitor que quer se livrar de Bolsonaro, mas tem restrições ao PT. E Lula pensa grande, pois a presença de Alckmin serve também como uma espécie de garantia de que no poder Lula e o PT não tentarão qualquer estripulia, tampouco puxarão o barco excessivamente à esquerda, pois qualquer desvio maior pode levar o Congresso apostar num impeachment que colocaria um homem de centro, confiável e sério no poder. Na verdade, Alckmin é, ao mesmo tempo, uma habeas corpus e um seguro para a chapa que Lula está construindo. (EP – 01/02./2022)