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ADARY OLIVEIRA- HOMENAGEANDO JOSÉ JUCÁ

Redação - 13/09/2021 08:22

“O Polo Petroquímico do Nordeste representou uma revolução na economia da Bahia, através da sua capacidade irradiadora de oportunidades, um fator imbatível de desenvolvimento para os estados de Pernambuco, Alagoas e Sergipe.

É uma regra da economia clássica que cada emprego criadonos setores produtivos gere quatro empregos indiretos. Na situação especial de subdesenvolvimento existente na Bahia, cada emprego do polo petroquímico do Nordeste gerou mais de dez empregos somente no governo estadual. Dependendo da parcela desses empregos que foi destinada à educação, à saúde, ao atendimento das necessidades básicas da população, como água, esgoto, infraestrutura de transporte, apoio às pesquisas agrícolas, etc., teremos uma base segura para manutenção de um crescimento auto-sustentado do Estado. E tivemos mais os empregos criados na área de serviços municipais e nas áreas produtivas afetadas pela presença do polo. Tudo isso resultante de um ponderável aumento da arrecadação de impostos e da solicitação de serviços e de bens do polo petroquímico do Nordeste.

A consequência mais evidente do polo, no plano nacional, foi o atendimento à demanda de produtos petroquímicos, compreendendo, mas não se limitando a termoplásticos, elastômeros, detergentes, solventes, termorrígidos e matérias-primas para a indústria têxtil. A produção do polo foi concebida para ser altamente diversificada e esta mesma diversificação criou oportunidades de novas combinações, permitindo a instalação de projetos de química de intermediários, de plásticos de engenharia e de química fina.

Outras consequências, menos aparentes que as já citadas, talvez sejam mais importantes. Queremos falar especialmente no modelo tripartite, mas poderíamos falar também do trabalho integrado dos governos federal, estadual e municipal, do trabalho associativo dos grupos empresariais privados nacionais e da ascensão da gerência profissional.

Embora iniciado por ocasião do polo petroquímico de São Paulo, o modelo tripartite vive a sua mais completa utilização e comprovação no polodo Nordeste. Deixamos aqui nosso reconhecimento de que o polo petroquímico do Nordeste não seria o êxito que é sem as audaciosas realizações e experimentação do polo petroquímico de São Paulo. Nossas homenagens à Petroquisa, à Petroquímica União, em especial aos grupos privados nacionais Unipar, Ultra, Monteiro Aranha, Rosemberg, que muito arriscam na bela e vitoriosa empreitada, assim como as multinacionais Rhône Poulenc, Union Carbide, Solvay, National Destilers, Monsanto, Hüls e outras.”

O trecho acima é parte do que escreveu o cearense José Jucá Bezerra Neto no livro “A petroquímica brasileira – depoimentos” que eu e José Clemente Oliveira organizamos em 1985. José Juca era engenheiro químico pertencente aos quadros técnicos da Petrobras, tendo sido o primeiro presidente da Copene – Companhia Petroquímica do Nordeste S.A. e vice-presidente da Petrobras Química S.A. – Petroquisa. Ele nos deixou recentemente, daí a nossa homenagem a esse ilustre brasileiro. Jucá era o diretor da Petroquisa de contato que eu tinha quando era presidente da Nitrocabono S.A. Eu me reunia mensalmente com o mestre, com quem aprendi muito.

Jucá se junta amuitos outros de nosso convívio que escreveram depoimentos para o citado livro e não estão mais entre nós: Rômulo Almeida, Luiz Viana Filho, Antônio Carlos Magalhães, Otto Vicente Perroni, Marcos Pereira Viana e Sebastião Simões Filho. As pessoas que idealizaram e fizeram o Polo Petroquímico de Camaçari mudaram a vida de muitas pessoas, para melhor. Se o Polo não tivesse existido a nossa condição de pobreza, de falta de emprego e de concentração de renda estaria bem pior. Precisamos planejar nossas ações para que através do aumento da produção de bens e serviços, da riqueza consequentemente, consigamos sair do marasmo do subdesenvolvimento. Se em tudo que fizermos a educação e a distribuição de renda for colocado como objetivo primeiro, talvez consigamos realizar o sonho de muitos, como o de Jucá, para alcançar o desenvolvimento merecidopelos brasileiros.

Adary Oliveira é engenheiro químico e professor (Dr.) – [email protected]

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