O fato determinante para o presidente do DEM, ACM Neto, ter optado por uma postura independente na eleição para a Câmara dos Deputados, na disputa entre o candidato do Presidente Jair Bolsonaro, Artur Lira, e o candidato de Rodrigo Maia, Baleia Rossi, foi a pressão de um deputado federal.
A escolha levou a sérios dissabores para Neto e resultou no rompimento com o deputado Rodrigo Maia, que ainda hoje carrega mágoas do ex-prefeito e continua dando entrevistas visando atingi-lo, e na quase implosão do DEM com a anunciada saída de vários quadros do partido.
Tudo aconteceu por pressão do deputado Elmar Nascimento, e de outros deputados do Centrão, por causa, segundo informa o jornal o Estado de São Paulo, de um suposto orçamento secreto que dava cotas a cada deputado que apoiasse o governo Bolsonaro através da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), empresa do governo que atua nos estados do Nordeste. O jornal diz ainda que o governo Bolsonaro expandiu e turbinou a Codevasf, que foi loteada pelo Centrão. Elmar Nascimento e os deputados baianos citados negam a existência desse orcamento secreto.
Nascimento foi o deputado que indicou o engenheiro Marcelo Andrade Moreira Pinto para presidente da Codevasf e perderia o cargo caso não apoiasse o candidato do governo. Nascimento teria proposto então a Neto apoiar Artur Lira, candidato de Bolsonaro para presidência da Câmara, para assim manter seu afilhado no cargo e o acesso ao suposto orçamento secreto, que permitia aos deputados do Centrão, inclusive deputados baianos, a ter uma cota orçamentária para indicar obras diretamente à Codevasf.
ACM Neto resistiu, pois desejava apoiar o candidato de Maia, Baleia Rossi, mas Elmar Nascimento e outros deputados pressionaram o líder demista de tal maneira que ele optou pela neutralidade. Fontes ouvidas pelo Bahia Econômica afirmam que Nascimento chegou a lembrar a Neto que sua desistência de concorrer nas eleições para governador em 2018 havia prejudicado muitos deputados e que era a hora do ex-prefeito ficar ao lado deles.
A pressão foi forte e ACM Neto optou pela neutralidade. Com isso, não só atraiu a ira de Rodrigo Maia, como viu um dos seus principais assessores, João Roma, bandear-se para o lado de Bolsonaro que o nomeou Ministro da Cidadania. A pressão de Elmar Nascimento infernizou a vida de Neto, que agora tem em Maia um inimigo declarado e em Roma um possível concorrente ao governo do Estado, e quase implodiu o DEM que vem perdendo grandes quadros políticos para outras legendas. (EP – 11/05/2021)
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