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LAGOA DO ABAETÉ REGISTRA NÍVEL MAIS ALTO EM 15 ANOS

Redação - 23/07/2020 14:35 - Atualizado 23/07/2020

O volume da Lagoa do Abaeté chegou ao nível mais alto registrado nos últimos 15 anos. Especialistas acreditam que o período prolongado de chuvas tenha motivado este novo recorde, mas a população chama atenção para poços artesianos abertos pela rede hoteleira da região. A redução do consumo do aquífero que abastece a lagoa, também, é apontada como causa. Nesta quarta-feira, 22, a régua de aferição do nível d’água marcava a cota dos 20,06 metros. Milimetragem atingida pela última vez em 2005.

História viva do Abaeté, as ganhadeiras de Itapuã foram surpreendidas. Maria de Xindó, 74 anos, conta que por muitos anos ganhou dinheiro lavando roupa na lagoa. Ver a lagoa “voltando ao que era antes” emocionou. “É muito bonito. Ali foi a minha faculdade, meu ganho. Quando eu chegava que via o estado dela, seca, dava vontade de chorar, mas sempre disse que, para quem acredita, a dona das águas não ia deixar secar e a natureza respondeu”, disse.

Integrante do Fórum Permanente de Itapuã, associação de moradores pela preservação da região, Clara Domingas acredita que não só as chuvas contribuíram. “A inatividade dos hotéis sem dúvida contribui. A atividade hoteleira e turística ao redor da APA [Área de Preservação Ambiental] Abaeté prejudica a volumetria da lagoa porque as pessoas, com seus poços artesianos, bombeiam a água para as piscinas”, disse.

À frente da direção de recursos hídricos e monitoramento ambiental do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), Eduardo Topázio explica que o fenômeno coincide com o já catalogado aumento, no ano de 2005, onde os períodos de chuva foram similares ao deste ano. “Aquele é um sistema lagunar dentro de uma área de dunas e essa área tem a tendência de reter água quando chove e ir alimentando durante o ano. Após a chuva ela tende a chegar ao seu ápice e tende a diminuir quando começa o período de mais seca”.

Para o diretor, é difícil concluir que a alta do volume d’água tenha relação com os três poços artesianos legalizados na região. “Não se identificou uma relação direta da implantação deles [dos poços artesianos registrados] com o início desse processo de esvaziamento da lagoa”, disse. De acordo com o diretor, o que diminui a possibilidade de recarga é o uso inadequado do solo. A quantidade de área construída e de asfalto na região, impede que a água permeie no solo e retorne para a lagoa. “Antigamente todo entorno dela servia em grande parte para alimentá-la, agora uma boa parte está impermeabilizada”.

Foto: divulgação

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