O Brasil demorou mais para passar de cem para mil casos de Covid-19 do que países como Itália e Espanha. Os dados utilizados são compilados pela universidade americana Johns Hopkins. O país passou de cem pessoas infectadas com o novo coronavírus no dia 13 de março. Naquele dia, foram registradas 151 casos. Oito dias depois, em 21 de março, o Brasil atingiu o milésimo teste positivo e chegou a 1.021 pessoas com a doença.
Na Itália, esse movimento aconteceu entre 23 e 29 de fevereiro (seis dias); na Espanha, entre 02 e 09 de março (sete dias). Isso significa, na avaliação do estatístico especialista em epidemiologia, Antonio Ponce de Leon, que o ritmo de infecções no Brasil está mais lento. “ Mas isso depende fortemente do número de testes realizados”, pondera o especialista da Uerj.
O levantamento considera a partir do 100º caso porque antes disso existe muita incerteza nos dados, e até chegar a essa marca alguns países registraram quase exclusivamente casos importados. A barreira do 100º episódio é, ainda, um limite arbitrário para presumir que um país já está tendo transmissão comunitária (ocorrências internas, não importadas).
Itália e Espanha são os países europeus mais afetados pelo vírus. O primeiro registrou mais de 59 mil casos e 5,4 mil mortes. Já os espanhóis tiveram 28,7 mil pacientes com 1,7 mil mortes. Ambos, que tiveram seus sistemas de saúde colapsados por conta da doença, começaram o combate restringindo os testes apenas aos casos mais graves, mesma estratégia brasileira. A justificativa era de que este era um recurso finito e caro.
Já na avaliação da médica Gulnar Azevedo, presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva, a notícia é boa, mas o pior está por vir. “Só agora está entrando em áreas com muita densidade demográfica”, explica. Essa medida é criticada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que recomenda a ampliação da quantidade de testes. Com o aumento da doença, os três países estão buscando mecanismos para ampliação do número de exames — o Brasil, por exemplo, comprou 10 milhões de testes.
Estados Unidos e Alemanha também passaram de cem para mil casos mais rápidos do que o Brasil. O primeiro levou oito dias (entre 03 e 11 de março) e o segundo, sete (entre 02 e 09 de março). Os americanos também restringiram o acesso aos testes aos pacientes mais graves. Já a Alemanha adotou medidas mais parecidas com a Coreia do Sul e Cingapura, que aumentaram o volume de exames realizados e conseguiram conter o número de doentes.
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