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DENÚNCIA CONTRA GLENN É PROBLEMÁTICA E PERIGOSA, DIZ MINISTRO

Redação - 21/01/2020 19:30

O ministro Marco Aurélio Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou que a denúncia do Ministério Público Federal contra o jornalista Glenn Gleenwald no caso da ação de hackers contra autoridades da Lava Jato é um ato “problemático” e “perigoso” por se tratar de situação que, segundo ele, pode cercear a liberdade de expressão. As informações são da coluna Painel da Folha de S. Paulo. Marco Aurélio disse que cabe aos tribunais agir para corrigir decisões erradas e “iniciativas que conflitam com a ordem jurídica”. “É um problema quando você pratica atos que afetam a liberdade de expressão. É problemático”, afirmou o ministro.

“No campo da informação, não cabe adotar postura que iniba a arte de informar. Eu tenho uma concepção própria. Jamais processaria um jornalista, e há colegas em geral, que processam. [Com a denúncia], Você acaba indiretamente cerceando [a liberdade de expressão], o que não é bom em termos culturais, nem em termos de avanço social. É sempre perigoso”, afirmou.

Glenn foi denunciado pelo procurador Wellington Oliveira pelos crimes de associação criminosa e interceptação telefônica ilegal. O entendimento do MPF contraria o da Polícia Federal, que não vê evidências de participação do jornalista em atos ilegais. No relatório da PF, o delegado Luiz Flavio Zampronha diz que não é possível “identificar a participação moral e material” dele nos crimes investigados. A denúncia se baseia em áudio encontrado em um computador apreendido que, segundo o procurador, mostra que o jornalista orientou o grupo de hackers a apagar mensagens, o que caracterizou “clara conduta de participação auxiliar no delito, buscando subverter a ideia de proteção a fonte jornalística em uma imunidade para orientação de criminosos”.

“Toda iniciativa que fustigue jornalista, que fustigue veículo de comunicação tem que ser pensada muito antes de implementada. É o caso da denúncia, julgamento. Tem que sopesar, analisar valores e decidir qual é o valor que deve prevalecer”, diz Marco Aurélio Mello.

 

Foto: Carlos Humberto/SCO/STF/Via fotos públicas

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