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SETOR DE SERVIÇOS DEVE ABRIR 103 MIL NOVAS VAGAS NO PERÍODO DE FINAL DE ANO

Redação - 30/09/2019 09:00

As contratações de trabalhadores temporários no varejo brasileiro e no setor de serviços devem somar 103 mil vagas neste final de ano. Se a previsão se confirmar, o emprego temporário, que é um termômetro da expectativa dos empresários do comércio para o período de consumo mais intenso do ano, atingirá em 2019 a melhor marca em cinco anos. Em 2014, quando o País ainda não tinha mergulhado na recessão, a admissão de temporários para o período foi de 300 mil vagas. Apesar de ainda estar longe da época em que a economia crescia de forma mais consistente, neste ano serão 43,8 mil postos  de trabalho a mais que em 2018.

Os números da pesquisa feita pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) com mais de mil empresários mostram que a roda da economia começou a girar no comércio e no setor de serviços com um pouco mais de velocidade. A injeção de R$ 30 bilhões do FGTS e do PIS/Pasep na economia, a maior procura do consumidor por crédito e a inflação controlada trouxeram novas perspectivas para as vendas neste final de ano. “A perspectiva é um pouco mais favorável este ano, mas não vamos estourar a boca do balão”, afirma a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.

A economista  lembra dos resultados positivos captados pela pesquisa do IBGE. Em julho, as vendas no varejo cresceram pelo quarto mês seguido e acumulam alta de 0,8% neste ano. No setor de serviços, o avanço desde janeiro foi de 1,2% nas vendas, e julho foi o terceiro mês seguido de alta. O crescimento registrado até agora ainda é modesto, mas os empresários estão mais confiantes e apontam o aumento da demanda como o principal motivo para ampliar a contrações neste ano, com 88% das respostas. Seis em cada dez executivos consultados esperam vendas neste final de ano melhores do que em 2018. Na média, o crescimento esperado é de 17%, aponta a pesquisa.

Marcela pondera que o crescimento de um dígito é mais factível do que esse porcentual. Apesar de esperar uma taxa de crescimento menor, a economista chama atenção para um resultado da pesquisa que dá sustentação ao crescimento: 43% das varejistas planejam ampliar os estoques. “Se as empresas pretendem ampliar os estoques, de fato elas apostam no crescimento das vendas”, afirma.

Na rede  Armarinhos Fernando, especializada em brinquedos, artigos de papelaria e decoração, o que não falta é produto. “Nosso estoque está bem abastecido”, conta Ondamar Ferreira,  gerente da matriz, localizada na rua 25 de Março, no centro de São Paulo. Até agora, a loja contratou mais que o dobro de trabalhadores temporários em relação ao ano passado para dar conta do crescimento de dois dígitos nas vendas esperado a partir de outubro. Em setembro, já houve um avanço real de 8,5% nas vendas ante igual período de 2018. “É um aumento considerável”, diz o gerente.

Ele atribui esse crescimento ao dinheiro extra do FGTS e do PIS/Pasep. Na sua loja, por exemplo, houve um aumento da fatia das compras quitadas  à vista. O pagamento à vista representava 30% dos negócios e hoje está em  35%. Para Ferreira, esse movimento deve ser o efeito do dinheiro extra. Dos R$ 30 bilhões injetados na economia em razão dos saques do FGTS e PIS/Pasep, a Confederação Nacional do Comércio (CNC) calcula, com base em pesquisas com consumidores, que R$ 13,1 bilhões irão diretamente para  compras. Além disso, R$ 12,2 bilhões serão usados para quitar dívidas. Isso, indiretamente, pode trazer mais brasileiros de volta ao consumo a prazo.

O economista-chefe da CNC, Fabio Bentes, diz que neste ano esse dinheiro extra deve ter mais impacto no varejo do que a liberação dos recursos do FGTS feita em 2017, no governo de Michel Temer. É que hoje o endividamento da população é comparativamente  menor. Em 2017, foram liberados R$ 44 bilhões e R$ 11 bilhões usados para o consumo de bens e serviços. “O que vai fazer a diferença no varejo neste fim de ano é esse dinheiro extra, a recuperação do emprego até ajuda, mas o impacto será menos expressivo”, diz o economista.

Foto: divulgação

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