O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi alvo de crítica do presidente eleito, Jair Bolsonaro, para quem a pesquisa relativa ao mercado de trabalho “é uma farsa”. “Vou querer que a metodologia para dar o número de desempregados seja alterada no Brasil”, disse, ao conceder entrevista à TV Bandeirantes no início da noite de segunda-feira, 5. Bolsonaro afirmou ainda que gostaria que o instituto de pesquisa divulgasse os dados de emprego e não de desocupação, como é feito atualmente.
“Quem recebe Bolsa Família é tido como empregado. Quem não procura emprego há mais de um ano é tido como empregado. Quem recebe seguro-desemprego é tido como empregado. Temos de ter uma taxa não de desempregados, e sim de empregados. Não tem dificuldade para ter isso aí e mostrar a realidade para o Brasil”, afirmou, em resposta a uma pergunta sobre os últimos dados do IBGE referentes à contínua queda do desemprego. Em setembro, o IBGE registrou 12,5 milhões de desocupados, um recuo de 3,7% em relação à pesquisa anterior.
Para especialistas ouvidos pelo Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado) e pelo jornal O Estado de S. Paulo, o presidente eleito demonstrou desconhecimento do tema. As estatísticas relativas ao mercado de trabalho são divulgadas mensalmente dentro da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua). As informações são coletadas em 210 mil residências, em 3,5 mil municípios de todas as regiões do País. A série histórica foi iniciada em janeiro de 2012, em substituição à Pesquisa Mensal de Emprego (PME), que não era tão abrangente e não atendia às últimas recomendações da Organização Internacional do Trabalho (OIT).