

Na última coluna, finalizamos com uma citação do renomado climatologista Carlos Nobre, na qual ele defende o combate a todo tipo de desmatamento no Brasil e uma ênfase na eletrificação de veículos aqui no país. No primeiro ponto, ja argumentamos que o desmate a ser combatido é aquele considerado ilegal, conforme as normas do nosso Código Florestal.
No segundo ponto, é preciso considerar que o Brasil foi pioneiro e tem muita expertise no uso de biocombustíveis no abastecimento de automóveis, sendo importante ressaltar a experiência do Proálcool em meados dos anos 1970, as misturas de álcool e gasolina, dos óleos vegetais e diesel de petróleo , e a tecnologia dos carros flex, usando álcool e/ou gasolina. Assentadas essas premissas, a nossa principal hipótese é de que que o Brasil deve trilhar um caminho em que o uso de vários combustíveis esteja contemplado, incluindo, claro, os veículos elétricos e os híbridos com biocombustíveis.
Percebendo essas peculiaridades brasileiras, o projeto da BYD em Camaçari já definiu a produção dos modelos elétricos Dolphin Mini e os híbridos Plug-in King e Song Pro. O grande destaque aqui é o primeiro motor plug-in flex do mundo, projetado para funcionar com etanol e gasolina, sendo uma solução sob medida para o Brasil, configurando um avanço importante e sustentável para a realidade do nosso país.
Em entrevista concedida à Agência FAPESP, em novembro de 2024, o professor e pesquisador Luiz Augusto Horta Nogueira, da Universidade Federal de itajubá e da UNICAMP, argumenta que, a despeito da onda da eletrificação veicular ,”respaldada por bons argumentos ambientais e fortes interesses econômicos”, é possível ter ter todos benefícios da eletrificação associados aos benefícios dos biocombustíveis. “Como”? pergunta ele. Ele responde: “Com os veículos híbridos”. É importante ressaltar que essa definição em torno dos híbridos permite contornar o problema da autonomia em termos de distância percorrida pelos veículos, com a rede de abastecimento dos biocombustíveis e derivados de petróleo presente em todo o território nacional, eliminando, assim , uma grande limitação dos carros elétricos puros.
Para arrematar, podemos concluir que o Brasil ou qualquer indústria automotiva implantada no país dificilmente vai produzir, em regime de exclusividade , o veículo elétrico puro. O cenário mais plausível é uma mescla com outras alternativas, a exemplo dos carros híbridos.
(1)Consultor Legislativo e doutor em Economia pela USP. E-mail: jose.macielsantos@hotmail.com