Bahia Econômica – O setor do gás na Bahia tem passado por muitas transformações. Durante o evento Bahia Oil e Gás alguns especialistas citaram o estado como destaque nacional. Qual a sua expectativa para os próximos anos no setor de gás na Bahia?
Luiz Gavazza – A Bahia vive um novo ciclo de protagonismo energético. Estamos avançando de forma consistente na diversificação de supridores e fontes, na interiorização da infraestrutura e na construção de um ambiente de mercado ainda mais competitivo. O estado tem sido reconhecido nacionalmente porque alia uma base industrial forte, infraestrutura consolidada e uma política estadual de energia voltada à transição e à sustentabilidade.
O que enxergamos para os próximos anos é um setor de gás ainda mais integrado, conectando gás natural com bioenergias (como o biometano) e novas tecnologias, para garantir previsibilidade e segurança energética aos agentes econômicos. A Bahiagás tem o papel de catalisar essa transformação, investindo em redes, estimulando novos supridores e apoiando o desenvolvimento de projetos que unem energia limpa, inovação e geração de valor para o estado.
Bahia Econômica – Quais os principais projetos que a BahiaGás está pretendendo realizar nos próximos anos em relação a interiorização?
Luiz Gavazza – A interiorização é um dos pilares estratégicos da Bahiagás. Estamos ampliando a presença da Companhia em regiões que historicamente não tinham acesso ao gás canalizado, levando energia segura, competitiva e sustentável para novos polos de desenvolvimento.
O principal destaque é o novo gasoduto do Sudoeste baiano em construção, que ampliará significativamente a malha de distribuição e permitirá atender importantes corredores industriais e logísticos do estado, como trechos entre Jequié e Brumado, e as redes de Vitória da Conquista, Ilhéus e logo mais em Juazeiro. Além disso, estamos estruturando redes locais com projetos de GNL e GNC, que viabilizam o fornecimento a cidades mais distantes da rede principal, estimulando a interiorização com agilidade e eficiência.
Essa expansão vem acompanhada de um olhar para o futuro: estamos preparando o caminho para integrar o biometano como fonte renovável e estratégica dentro dessa infraestrutura, reforçando o compromisso da Bahiagás com a transição energética e com o desenvolvimento regional da Bahia.
Bahia Econômica – O setor de mineração vai realizar um grande evento na Bahia no fim do mês. O exposibram. Quais projetos o senhor destacaria como importantes no setor de mineração e gás na Bahia?
Luiz Gavazza – A Bahiagás tem atuado de forma muito próxima ao setor de mineração, atendendo importantes players que operam no estado e reconhecem no gás natural um aliado para aumentar a eficiência e reduzir a pegada de carbono das suas operações. Essa relação tem se fortalecido a partir da parceria com a CBPM – Companhia Baiana de Pesquisa Mineral, com quem compartilhamos a visão de uma mineração sustentável e de baixo carbono.
O gás natural é uma alternativa concreta e direta aos combustíveis pesados e mais poluentes, sendo utilizado na geração de calor em fornos rotativos e de calcinação e em outras etapas dos processos industriais, substituindo carvão, óleo combustível, diesel e outros derivados com ganhos ambientais e operacionais. Além disso, há um movimento crescente de diversificação do uso do gás como insumo energético em plantas de processamento, beneficiamento e cogeração. Essa integração entre gás e mineração coloca a Bahia em posição de vanguarda na transição energética e na modernização de cadeias produtivas estratégicas.
Bahia Econômica – O agronegócio também é um campo forte na Bahia. Como a Bahiagás está trabalhando para atender a crescente demanda do agronegócio no estado?
Luiz Gavazza – O agronegócio é um dos grandes vetores de crescimento da Bahia, e a Bahiagás tem buscado atuar de forma integrada a essa cadeia, conectando energia, mobilidade e sustentabilidade. Estamos trabalhando para que o gás natural e o biometano estejam cada vez mais presentes na vida das baianas e baianos, inclusive com nosso importante plano de expansão que integra o campo, que pode também ser usado como combustível limpo em veículos pesados do agronegócio, seja como alternativa para frotas industriais, caminhões de logística e ônibus de transporte coletivo urbano e intermunicipal, fortalecendo uma mobilidade de baixo carbono em todo o estado.
Além disso, o gás natural tem papel estratégico na produção de fertilizantes, um insumo essencial à cadeia agropecuária e de base para o aumento da produtividade agrícola. A ampliação da oferta de gás e a futura integração com o biometano permitirão que a Bahia avance não apenas na eficiência energética, mas também na autonomia produtiva e na segurança alimentar.
Essa mesma visão se estende ao setor de mineração, que compartilha desafios semelhantes na busca por descarbonização e redução de custos logísticos. Acreditamos que o gás natural e o biometano são elementos-chave para impulsionar a economia baiana — mais diversificada, limpa e conectada às vocações regionais do estado.
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