Segundo números do Anuário Brasileiro da Educação Básica, em relação aos dados de 2013, os números da educação baiana em 2023 apresentaram melhora em quase todas as categorias consideradas pelo anuário. Ainda assim, a Bahia figura entre as piores colocações na maioria dessas categorias, o que demanda atenção nos próximos anos, de acordo com Manoela Miranda.
“Os dados de aprendizagem, por exemplo, de 2023, mostram que como país nós não voltamos aos níveis de aprendizagem pré-pandêmicos. Na Bahia, um destaque que merece atenção é que os jovens concluem o ensino médio com níveis de aprendizagem ainda muito baixos. Apesar de algum avanço em língua portuguesa na última década, hoje, apenas 22,2% dos estudantes que concluem o Ensino Médio têm aprendizagem adequada em língua portuguesa. Mais preocupante é o dado de matemática: apenas 2,5% dos estudantes concluem o ensino médio na Bahia com aprendizagem adequada em matemática”, diz.
As informações mencionadas pela gerente de Políticas Educacionais do Todos Pela Educação dizem respeito à quantidade de estudantes de escola pública com aprendizagem adequada da Bahia. Em relação ao que é aprendido por aqueles que estudaram em colégios privados, a discrepância chama atenção: enquanto 2,2% de alunos do ensino público aprendem adequadamente língua portuguesa e matemática, a porcentagem em colégios particulares é 26%.
De acordo com Miranda, a melhoria exige um conjunto de medidas, que passa pela formação inicial e continuada dos professores, investimento em políticas de recomposição de aprendizagem e políticas desde a base, ainda no ensino fundamental e na alfabetização. “[Também] na garantia da trajetória escolar regular dos estudantes, com uma especial atenção para redução das desigualdades regionais, socioeconômicas e raciais, e um olhar muito atento para esses estudantes que hoje estão em distorção idade-série, para garantir que possam não só continuar na escola, como concluir os ensinos fundamental e médio com aprendizagem continuada”, enumera.
Na mesma linha, Sandra, que convive de perto com essa diferença, acredita que é preciso que medidas venham de cima para incentivar os jovens de escolas públicas a permanecerem nos estudos. “No dia que a gente tiver uma elite que pensa que a educação é o caminho, aí sim as coisas mudam”, defende a coordenadora da escola estadual. (Correio)
Foto ilustrativa: Claudionor Jr