O presidente da Intermarítima Portos e Logística, Roberto Zitelmann, participou nesta quinta-feira (14) do painel “Panorama e perspectivas da infraestrutura portuária da Bahia”, durante o primeiro dia do 2º Bahia Export – Fórum Estadual de Logística, Infraestrutura e Transportes, realizado na sede da FIEB, em Salvador.
Em sua fala, Zitelmann ressaltou que a Baía de Todos os Santos é um dos ativos logísticos mais valiosos do mundo — com águas calmas e profundas, localização estratégica no Atlântico e proximidade com diversas regiões do Brasil — mas que ainda enfrenta gargalos estruturais e de governança que limitam seu potencial.
“A Bahia é o estado que mais se conecta com outras unidades da federação, exceto a região Sul. Temos uma vocação natural para ser o hub de escoamento do hinterland brasileiro, que se conecta ao porto através de redes de transporte, fornecendo e recebendo bens e pessoas. No entanto, sem integração logística, planejamento urbano coordenado e práticas de sustentabilidade, não conseguiremos nos alinhar às demandas globais de competitividade e responsabilidade ambiental”, afirmou.
O executivo alertou para a ausência de conexão ferroviária eficiente — especialmente a necessidade de requalificar e reativar a malha VLI/FCA — e para a sobrecarga das rodovias, destacando a BR-324 e a BA-528 como pontos críticos para o escoamento de cargas, incluindo fertilizantes e commodities agrícolas. Também destacou que a expansão portuária nas grandes cidades está sendo estrangulada pela falta de planejamento urbano integrado.
Zitelmann reconheceu avanços importantes já conquistados, como a Via Expressa que liga o Porto de Salvador à BR-324, o zoneamento de áreas logísticas realizado pela Prefeitura e o pátio de triagem da CODEBA, mas enfatizou que é preciso ir além. Segundo ele, os “portos do futuro” deverão ser multimodais, digitalizados, resilientes e verdes, incorporando inovações tecnológicas e uma agenda ESG robusta.
“A Intermarítima, com quase 40 anos de atuação, tem a sustentabilidade como pilar. Somos pioneiros no Nordeste com certificações ISO 9001, ISO 14001 e ISO 45001 e recebemos, em 2024, a Certificação Prata em Sustentabilidade da EcoVadis. Essa trajetória prova que eficiência operacional e responsabilidade socioambiental podem caminhar juntas”, reforçou.
Ao concluir, defendeu a criação de um modelo de governança porto-cidade inspirado em referências internacionais como Roterdã, Hamburgo e Vancouver, onde portos e cidades planejam juntos seu desenvolvimento, equilibrando competitividade e qualidade de vida.
O painel contou também com Antônio Gobbo, diretor-presidente da Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba); Helano Pereira, vice-presidente executivo da Ultracargo; e Maria Eduarda Lomanto, secretária do Mar da Prefeitura de Salvador. A mediação foi feita pela jornalista Milena Barreto.
Foto: Ícaro Cerqueira/ Divulgação Texto&Cia