As novas tarifas impostas ao mundo pelo governo norte-americano estão fazendo com que se pense em novas estratégias de comércio exterior. O Brasil poderá se dar bem se for rápido e se superar seus concorrentes com novas estratégias. Em 1986 o cofundador e exchairman da Sony conta no seu livro Made in Japan uma anedota para explicar a penetração da empresa japonesa no mercado norte-americano, em que descreve uma situação em que um americano e um japonês, estando numa floresta se encontram com um tigre faminto.
Imediatamente o nipônico se agacha e começa a calçar seu tênis de corrida quando o americano exclama: Não está vendo que você não vai correr mais do que ele! Responde então o japonês: eu não quero correr mais do que ele, eu quero correr mais do que você. Além de negociar bem o Brasil não deve ficar chorando as mágoas e sim fazer um esforço e partir para um novo confronto, dessa vez internacional. Comento neste artigo algumas estratégias que o Brasil poderá usar para sair, e bem, dessa situação.
A mais importante delas é a diversificação de mercados, explorando e fortalecendo as relações comerciais com outras regiões, como União Europeia, América Latina e Ásia, sobretudo a China, Índia e países do Sudeste Asiático, a fim de compensar a dependência do mercado norte-americano. O Brasil exporta artigos de uma relação diversificada que vai de sementes a aviões e é sempre possível encontrar mercados onde as vantagens vão garantir a realização de negócios.
Estabelecer como foco o crescimento das exportações com produtos de maior valor agregado, vem em segundo lugar. Investir em inovação e tecnologia para melhorar a qualidade dos produtos exportados e inserir etapas de processamento que elevem o valor agregado é de fundamental importância. Isso pode tornar os produtos mais competitivos o que fortalece sua penetração em novos mercados. O BNDES e sua subsidiária FINAME, por exemplo, podem abrir linhas de financiamento em condições especiais aumentando o limite e estabelecendo juros menores. O BNDES tem tido lucros extraordinários e tem margem para fazer isso.
Refinar a competitividade incentivando a modernização dos setores produtivos, reduzindo burocracias e otimizando a logística principalmente no transporte e infraestrutura portuária, para reduzir custos e aumentar a eficiência no comércio exterior. A ampliação do Terminal de Granéis Líquidos do Porto de Aratu-Candeias, é um dos exemplos mais notáveis de como a Polo Industrial de Camaçari tem reduzido sua produção por deficiências no recebimento e escoamento de cargas marítimas.
Sair à procura de novos acordos bilaterais e regionais buscando novas negociações e aprofundando acordos já existentes com parceiros estratégicos para reduzir barreiras comerciais e incentivar a cooperação em áreas de interesse mútuo, ou mesmo realizando investimentos em infraestrutura para viabilizar novos acordos. A construção de gasodutos para recebimento do gás natural da patagônia argentina e a construção da ferrovia ligando o novo Porto de Ilhéus, na Bahia, ao Porto de Chancay, que os chineses construíram no Peru, para facilitar o escoamento de produtos do agronegócio, são exemplos de investimentos da mais alta prioridade.
Criar incentivos à exportação praticando políticas de apoio às empresas exportadoras, incluindo acesso facilitado a crédito, fomento à inovação e parcerias público-privadas que estimulem a inserção de empresas brasileiras em mercados internacionais. Os novos incentivos à exportação devem considerar a pesquisa de itens que o Brasil precisa manufaturar para atingir a mercados demandantes e não apenas promover a exportação de artigos aqui fabricados.
Apoiar incessantemente as pequenas e médias empresas na busca da sua internacionalização, no sentido de estabelecerem comércio com o exterior. Oferecer suporte específico a setores que podem agregar valor e ampliar sua presença internacional através de programas de capacitação e acesso a tecnologias de produção e gestão.
Finalmente, promover as marcas brasileiras investindo em marketing internacional e posicionando a imagem do Brasil como fonte de produtos com qualidade e sustentabilidade, valorizando a identidade dos produtos no exterior.
Essas estratégias, combinadas com um ambiente regulatório mais eficiente e políticas de incentivos, podem nos ajudar na superação de desafios e exploração de novas oportunidades no comércio internacional.
Adary Oliveira é engenheiro químico e professor (Dr.)