A imposição da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelo governo de Donald Trump deve afetar de forma significativa a agricultura baiana. O setor produtivo demonstra preocupação com impactos pontuais, principalmente no segmento de frutas. A avaliação é da Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb), que destaca os Estados Unidos como o segundo maior parceiro comercial do agronegócio do estado, atrás apenas da China.
Em entrevista ao Bahia Econômica, o presidente da Faeb, Humberto Miranda, afirmou que o setor mais vulnerável no momento é o da fruticultura, com destaque para a manga produzida no Vale do São Francisco. “A manga é um produto perecível, que não pode esperar tempo de prateleira ou de transporte em container enquanto se buscam novos mercados”, afirmou.
Miranda destacou que cerca de 30% da manga do Vale do São Francisco é destinada aos Estados Unidos, o que torna urgente a busca por soluções. “Propusemos, junto à CNA, em Brasília, que o governo brasileiro negociasse com os EUA isenções para produtos com maior urgência. Infelizmente, isso funcionou para algumas coisas, mas para manga não”, lamentou.
Outros produtos também podem ser afetados, como os derivados de cacau – especialmente a manteiga de cacau –, que representam cerca de 15% das exportações para os EUA. Apesar disso, Miranda avalia que, por conta da alta demanda global por cacau, será mais fácil redirecionar esses produtos para outros mercados.
O café também está no radar de preocupação, mas o dirigente afirma que o setor já tem se expandido para novos mercados ao redor do mundo e pode se adaptar com maior facilidade.
Em junho de 2025, a Bahia exportou mais de R$ 302 milhões em produtos agropecuários para os Estados Unidos, segundo levantamento da Assessoria Econômica do Sistema Faeb/Senar. O número reforça a importância do mercado norte-americano para o agro baiano, justamente no momento em que a nova tarifa ameaça setores estratégicos.
Sobre possíveis benefícios com base nas exceções anunciadas pelos EUA, Miranda é cético: “Não consigo enxergar num curto e médio prazo nenhum benefício para nenhum produto nosso do agro. Muito pelo contrário, vai nos fazer exercitar a diplomacia para tentar abrir novos mercados para esses produtos que de alguma forma, vão perder espaço no mercado americano.”.
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil