Alterações na glândula tireoide são descobertas frequentemente em exames de rotina, gerando dúvidas e preocupações. Os nódulos tireoidianos – formações sólidas e/ou císticas na região do pescoço – são bastante comuns, principalmente entre mulheres. Embora a maioria seja benigna, é essencial a avaliação especializada para descartar a possibilidade de malignidade.
De acordo com estudos, até 63% da população pode desenvolver nódulos na tireoide ao longo da vida. Desses, entre 5% a 10% podem representar casos de câncer. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima cerca de 16.660 novos casos de câncer de tireoide por ano no Brasil para o triênio 2023-2025, sendo 14.160 em mulheres e 2.500 em homens.
A detecção dos nódulos geralmente ocorre durante a palpação clínica ou através de um ultrassom da tireoide — um exame simples, indolor e não invasivo. Durante o exame, características como composição, ecogenicidade, forma, margens e presença de calcificações são analisadas para classificação pelo sistema TI-RADS (Thyroid Imaging Reporting and Data System), criado pelo Colégio Americano de Radiologia. Esse sistema padroniza a análise e orienta a necessidade de acompanhamento ou investigação mais aprofundada.
Quando há indicação para investigar o nódulo, o próximo passo é a realização da Punção Aspirativa por Agulha Fina (PAAF), procedimento rápido, guiado por ultrassom, que coleta células diretamente do nódulo. “A PAAF é segura, bem tolerada e comparável a uma coleta de sangue”, explica o patologista da Clínica Matteoni, Paulo Fahel. “Ela é realizada a nível ambulatorial, sem necessidade de sedação e é decisiva para definirmos a natureza do nódulo”, destaca.
Diante de um resultado positivo para câncer, o tipo mais comum é o carcinoma papilífero, que geralmente apresenta comportamento indolente e boa resposta ao tratamento. A abordagem usualmente inclui cirurgia e, em algumas situações, terapia com iodo radioativo.
Vale lembrar que a presença de um nódulo não está associada a alterações hormonais. No entanto, processos inflamatórios na tireoide podem, em alguns casos, gerar imagens semelhantes, conhecidas como pseudonódulos ou “falsos” nódulos. A expertise do radiologista é fundamental para distinguir nódulos verdadeiros dessas alterações inflamatórias.
“Embora a análise criteriosa da imagem seja fundamental, em algumas situações a distinção entre nódulo verdadeiro e pseudonódulo pode não ser possível apenas pelo ultrassom,” destaca a médica radiologista Luciana Matteoni. A mensagem é clara: nódulos na tireoide são frequentes e, na maioria das vezes, não oferecem perigo. No entanto, a avaliação especializada é fundamental para assegurar tranquilidade e cuidados adequados à saúde.