A BYD está usando navios gigantes para trazer seus carros para o Brasil. Pela segunda vez, em fevereiro passado, a BYD trouxe ao país um lote com cerca de 5.500 veículos elétricos e híbridos a bordo do navio BYD Explorer 01, um navio especializado no transporte de automóveis que consegue levar 7.117 carros de uma só vez.
Com duas viagens desse navio a montadora viabilizou um estoque enorme e nacionalizou automóveis antes do um aumento no imposto de importação – evitando, assim, o repasse do custo ao consumidor final e obtendo grande vantagem competitiva. Segundo a Anfavea, a BYD estaria mantendo um estoque de 40 mil veículos no país. Esse tipo de embarcação, chamada de navio RoRo, é literalmente um estacionamento que flutua e tem rampas largas para o desembarque até de caminhões
Em julho, a alíquota de importação de veículos elétricos subirá dos atuais 18% para 25%; a de híbridos plenos, cuja bateria é recarregada pelo motor a combustão e pelo próprio movimento do automóvel, saltará de 25% para 30%; no caso dos híbridos plug-in, que podem ser recarregados na rede elétrica, o percentual irá de 20% para 28%.
A Anfavea diz que é um desequilíbrio no comércio exterior que pode afetar ainda mais a produção, os investimentos e os empregos na cadeia automotiva brasileira”, disse a Anfavea em um comunicado.
O governo federal iniciou o aumento gradual da alíquota desses veículos em janeiro de 2024, a fim, justamente, de estimular a respectiva produção e montagem em solo brasileiro. A próxima e última elevação nos percentuais está prevista para julho de 2026, quando as alíquotas para todos os veículos eletrificados trazidos de fora do Brasil saltarão para 35%.
A tática da BYD de formar estoque antes de cada aumento no tributo é possível porque o imposto de importação é calculado no momento em que o carro entra no país, independentemente de ele ser vendido depois.
A representante das montadoras reclama, mas a BYD está trabalhando dentro das regras estabelecidas pelo governo federal para todas as montadoras”, avalia o consultor automotivo Cassio Pagliarini, sócio da consultoria Bright Consulting.
A Anfavea cita também “atrasos sucessivos” para inauguração da fábrica da BYD nas antigas instalações da Ford em Camaçari – o planejamento inicial era de que a unidade já entrasse em 2024, mas problemas com o Ministério Público do Trabalho da Bahia adiaram o processo.
A BYD diz que a produção deve começar em 2025. E que o Brasil tem a oportunidade de ser exemplo e se consolidar como um polo estratégico para a produção e comercialização de veículos eletrificados”, diz a marca, por meio de comunicado.(FSP)