A política na Bahia sempre foi marcada por embates emblemáticos e o cenário de 2026 não será diferente. Nesse sentido, 2025 será um ano estratégico para as lideranças políticas estabelecerem suas posições.
Para o governador Jerônimo Rodrigues, por exemplo, que deve ser candidato à reeleição, 2025 é estratégico no sentido de consolidar sua imagem junto ao eleitorado. Politicamente, a gestão de Jerônimo vem correspondendo e, por enquanto, não há problemas políticos de porte na base aliada. Mas o governador precisa se posicionar mais fortemente no campo administrativo, com a consecução de projetos e ações que possam ser apresentados ou estarem com sua conclusão adiantada em 2026. Em 2025 será fundamental se contrapor a versão divulgada pela oposição de que seu perfil administrativo é insuficiente. Há uma queda na aprovação do seu governo que, em julho, tinha 63% dos entrevistados aprovando a gestão e agora, no final do ano, caiu para 54%, segundo pesquisa Quaest. Uma aprovação de 54% ainda é positiva, mas Jerônimo precisa manter e ampliar esse índice e para isso precisa entregar algumas obras de porte, agir fortemente na área de segurança pública, setor no qual o governador vem sofrendo muitas críticas, e atuar mais decisivamente nas áreas de educação e saúde.
No campo governista, três outras lideranças políticas se destacam, ainda que suas posições estejam mais ou menos definidas. Trata-se dos ex-governadores Jaques Wagner e Rui Costa e do senador Otto Alencar. Em relação aos dois líderes do PT, ambos estão praticamente definidos como candidatos ao Senado (Rui sai pelo PT mas representa também o Avante) e tudo indica que será perda de tempo especular sobre um rompimento entre os dois. Nessa área, os movimentos para ampliação de poder vão e voltam, mas dificilmente haverá rompimento. No caso do Senador Otto Alencar, resta apenas manter seu PSD unido e decidir quem ocupará o lugar de candidato a vice-governador.
O ex-prefeito ACM Neto, por outro lado, deve ser o candidato ao governo do Estado e o ano de 2025 também será estratégico para consolidar sua posição. Nesse sentido, tem três grandes desafios. O primeiro é fortalecer sua base no interior, para tentar contrabalançar a força da coligação do PT nos municípios menores. Esse é provavelmente o maior desafio, pois sem alianças regionais e sem expandir sua presença fora de Salvador e das maiores cidades será difícil alcançar seus objetivos.
O segundo desafio é ajustar o discurso político, indo além da crítica recorrente e propondo um projeto de desenvolvimento próprio. Por fim, surge outro desafio: a aliança nacional. A ideia de não tomar partido nacionalmente, com a tese do “tanto faz” já se mostrou ineficiente e o ex-prefeito vai ter de tomar partido em uma eleição para presidente que promete ter uma direita dividida entre muitos candidatos.
Já para o prefeito Bruno Reis, 2025 será estratégico não só para fortalecer a oposição, mas pelo fato de que será nesse ano que ele vai definir seu futuro político. Como potencial candidato ao governo ou ao Senado, Bruno precisa decidir em 2025 se vai sair candidato em 2026 para assim preparar-se para a descompatibilização. Se resolver tornar-se uma liderança política, precisará construir alianças com lideranças municipais e estaduais, sem depender exclusivamente da sombra de ACM Neto.
Aliás, o prefeito Bruno Reis precisa ser percebido pela população não apenas como herdeiro da máquina de Neto, mas como um líder que trouxe inovação e resultados concretos. Isso passa pela mudança na política de comunicação municipal, que praticamente esconde a figura do prefeito. Passa também por um diálogo maior com os prefeitos do interior e de ser capaz de jogar seu nome no cenário político nacional. Se Bruno Reis almeja um salto político em 2026, não basta mostrar competência administrativa, precisa buscar maior projeção no interior do estado e nacionalmente.
O fato é que 2025 é estratégico para os atores políticos da Bahia. Estratégico também será o acompanhamento das questões nacionais, como a política econômica e a relação do governo federal com os estados, bem como a definição dos candidatos à Presidência da República e sua interface na Bahia.
Com esse comentário sobre a importância do ano de 2025 para a eleição de 2026, esta coluna encerra o ano desejando Boas Festas aos leitores do portal Bahia Econômica. A coluna faz uma pausa, mas voltará com novas análises a partir do dia 6 de janeiro. (EP – 23/12/2024)