quarta, 21 de maio de 2025
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ELEIÇÃO PARA PRESIDÊNCIA DA CÂMARA: PARA ELMAR FICOU DIFÍCIL, MAS UM BAIANO AINDA PODE SER PRESIDENTE DA CASA

Redação - 09/09/2024 06:59 - Atualizado 09/09/2024

Será muito difícil, quase impossível, o deputado Elmar Nascimento ser eleito Presidente da Câmara de Deputados sem o apoio do Presidente da República e com o presidente atual, Arthur Lira, colocando seu aval em outro nome, no caso o deputado Hugo Motta do Republicanos.

Apesar de todo seu empenho, Elmar Nascimento nunca foi um candidato com chances efetivas de chegar ao posto, afinal era explícita a restrição do PT, especialmente do PT da Bahia, ao seu nome. Interlocutores como o senador Jaques Wagner e mesmo Rui Costa sempre mostraram a Lula que o deputado da União Brasil é “imprevisível quando contrariado” e que seria um presidente ao estilo Eduardo Cunha. Arthur Lira, por outro lado, não poderia bancar sozinho a candidatura de Elmar, até porque não descarta a possibilidade de ocupar o cargo de ministro de Lula.

Resultado, os dois grandes eleitores foram em busca de um nome de consenso e chegaram ao nome de Hugo Motta que hoje é visto como um candidato que pode reunir mais apoios, já que tem trânsito entre os partidos e é apoiado por membros do PT, do governo Lula (PT) e de expoentes do centrão, como o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI).

Isso significa que Elmar Nascimento está fora do páreo, mas não significa ainda que estejam perdidas as esperanças de um baiano presidir a Câmara do Deputados, afinal há outro baiano na disputa, o deputado Antônio Brito do PSD. Fazendo jus ao mote de que é “imprevisível quando contrariado”, Elmar Nascimento indignou-se quando Lira lhe disse que não seria seu candidato e manteve-se na disputa, apressando-se em formar uma aliança entre União Brasil e PSD para enfrentar Hugo Motta e, para isso, se encontrou com o presidente do PSD, Gilberto Kassab.

É difícil essa união dar liga, mas se der será com o nome de do deputado baiano Antonio Brito (BA), líder do PSD na Câmara dos Deputados, que também é candidato ao cargo e tem muito menos arestas com o PT, sendo inclusive nome de destaque na aliança que o PSD tem com o PT da Bahia há quase 20 anos.

A candidatura de Brito é muito mais viável que a de Elmar, pois ele é considerado um articulador responsável, que tem o apoio do PT da Bahia, do senador Otto Alencar (PSD) e que teria facilmente o beneplácito do Presidente Lula. Se conseguir a aliança entre PSD e União Brasil em torno do seu nome Brito pode se tornar um candidato forte até porque haveria uma dobradinha com o Senado, onde Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e Davi Alcolumbre (União-AP) são aliados próximos, e Alcolumbre é considerado o provável futuro presidente do Senado.

Mas há um senão: Brito não tem o apoio do atual Presidente da Câmara, Arthur Lira, e o Presidente Lula e seu partido dificilmente se arriscariam em apoiar uma candidatura que não fosse sancionada por Lira.

Resumindo a ópera, é possível dizer que Motta é o favorito, mas faltam 5 meses para a eleição e há espaço para outros candidatos se tornarem competitivos. Mas não será fácil, pois Motta já recebeu apoio de partidos como PT e PL, de suas lideranças, como Lula e Jair Bolsonaro, e se ficar mais fortalecido o presidente do PSD, Guilherme Kassab, vai se unir ao candidato consensual.

Brito, no entanto, corre por fora e tem um trunfo.  O presidente Lula tem sido alertado  sobre a proximidade do parlamentar com o ex-deputado Eduardo Cunha –  aquele que abriu o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, que teve o voto favorável do próprio Motta – e sobre a proximidade dele com o senador Ciro Nogueira (PP-PI), aliado de primeira ordem do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Motta se reuniu com Lula e já se encontrou com Bolsonaro, que  lhe entregou uma medalha que costuma conceder a aliados próximos, representando os três “is”: “imbrochável, imorrível e incomível”.

Ou seja, Hugo Motta por enquanto parece ter o aval de Lula e Bolsonaro e é o favorito de Arthur Lira, mas ainda tem resistências ao seu nome. Se essas resistências ganharem corpo e Kassab e Brito viabilizarem uma aproximação com Lira, a Bahia poderá ter um nome na presidência da Câmara dos Deputados. (EP – 09/09/2024).

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