A deputada Lídice da Mata, que vai coordenar a campanha do candidato da oposição, tocou, em entrevista ao portal Bahia Econômica, num ponto que será determinante na disputa pela Prefeitura de Salvador, na qual Bruno Reis e Geraldo Jr. lideram as pesquisas. (Veja aqui)
A deputada Lídice afirmou que a estratégia de Bruno Reis seria tirar Lula da disputa e fugir do embate com Lula, retomando a tese do ‘tanto faz’.
Ora, todos sabem, e a própria parlamentar reconhece, que em eleição municipal o assunto é a cidade, mas, dado os bons índices de aprovação da gestão Bruno Reis, Geraldo Jr tem de trazer a baila a polarização e o assunto Lula x Bolsonaro entrará na pauta. O que não se sabe é em que medida essa questão será importante no debate? Tampouco se sabe qual o grau de envolvimento do presidente Lula nas campanhas municipais e, mais especificamente, em Salvador?
A princípio, o Presidente Lula deve manter uma distância estratégica de várias disputas municipais, especialmente aquelas que possam trazer prejuízos ao rarefeito apoio político que detém no Congresso Nacional. Mas os candidatos dos partidos aliados do PT vão, queira ou não o presidente, tentar puxá-lo para a disputa. E esse é o caso de Geraldo Jr.
Bruno Reis, pelo contrário, vai tentar descartar a polarização como assunto de campanha, tentando mostrar que o desempenho de sua administração e da administração do ex-prefeito ACM Neto prescindiram do apoio presidencial. Bruno vai puxar a campanha para o assunto gestão, enfatizando os resultados alcançados. Mas, ao aceitar o apoio declarado de João Roma, o prefeito de Salvador trouxe para o seu lado a militância bolsonarista, que não vai agir com foco na cidade, mas colocar toda sua expertise em polarização de redes sociais à serviço principalmente de Bolsonaro e isso significa pôr gasolina no fogo da polarização.
O problema é que é exatamente isso que a oposição quer: tornar a polarização tão acirrada que obrigue a um posicionamento mais efetivo de Lula. A polarização é boa para Geraldo Jr., afinal, lula tem prestígio na cidade e ganhou a eleição no segundo turno com 70% dos votos válidos e a oposição tentará colar a pecha de bolsonarista em Bruno Reis, que, do seu lado, tem se mostrado um mestre – pelo menos quando fala com o eleitor – em evitar a política partidária e focar na cidade.
Ao mesmo tempo, será difícil para o candidato Geraldo Jr. colocar todos os seus trunfos em Lula, não só porque ainda não conseguiu unir a esquerda soteropolitana, como também porque polarizar totalmente a campanha significa ter de administrar o atual índice de desaprovação do governo.
O fato é que não haverá muitas alternativas: Bruno Reis vai focar na gestão e fugir da polarização e Geraldo Jr. vai fazer exatamente o contrário, trazendo Lula para a campanha municipal. Ou seja, Bruno quer tirar Bolsonaro da briga e Geraldo Jr. quer ele no ringue. São estratégias válidas, mas ambas têm ônus e bônus. (EP – 06/05/2024)
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