terça, 21 de maio de 2024
Euro 5.5489 Dólar 5.1052

COMO OS TESTES GENÉTICOS PODE PREVER O RISCO DE CÂNCER E AUMENTAR SUCESSO DE TRATAMENTOS

João Paulo - 30/04/2024 08:40 - Atualizado 30/04/2024

Há onze anos, quando Angelina Jolie anunciou ter removido as mamas, por conta do altíssimo risco de desenvolver câncer, o mundo se chocou: a atriz estaria sendo muito radical? O que teria levado uma das figuras mais poderosas de Hollywood, símbolo de beleza feminina mundo afora, a optar pela mastectomia dupla baseada “apenas” num teste genético, e não num diagnóstico propriamente dito? Dois anos depois, a atriz ainda retiraria os ovários e as trompas. Mais uma vez, para se precaver de possíveis tumores, como os que haviam tirado a vida de sua mãe e avó muitos anos antes.

Com o avanço das pesquisas na área, os exames genéticos são cada vez mais indicados pelos médicos a pessoas com diferentes perfis e suscetibilidades. Não apenas para a prevenção de cânceres hereditários — no caso de quem tem parentes de primeiro grau ou familiares jovens, de menos de 50 anos, com histórico da doença — mas também para tornar mais eficaz o tratamento de pacientes com tumores já detectados, explica o geneticista Salmo Raskin, colunista do Globo e diretor do Centro de Aconselhamento e Laboratório Genetika.

— Em termos de prevenção, os testes germinativos, que detectam mutações em todas as células do corpo, devem ser feitos se há casos no núcleo mais próximo, mãe, pai, irmã, tia, filho. Também quando há casos na família do mesmo grupo de câncer, como ovário e mama, intestino e estômago, ou ainda quando o parente foi diagnosticado muito jovem. De fato, não é para todo mundo. Em 90% das vezes o câncer não tem nada a ver com hereditariedade. Ainda assim, temos tido cada vez mais solicitações de pessoas que não têm histórico algum — esclarece o médico.

Já os exames somáticos, feitos nas células cancerosas, indicam qual tratamento pode ter uma maior taxa de sucesso, se a quimioterapia deve ser aplicada e qual o prognóstico da doença, ao mostrar que tipo de gene está alterado. — Sabe-se que quem mutação no gene BRCA 1 ou BRCA 2 (associados a tumores como os de mama, ovário e pâncreas) tem indicação de determinados tratamentos e contraindicação de outros. É comum também pessoas que já tiveram tumores procurarem o teste para saber se são hereditários e resguardar os filhos. Todos os pacientes oncológicos deveriam discutir com seus médicos se devem fazer exames somáticos — conclui.

Foto: Freepik

Copyright © 2023 Bahia Economica - Todos os direitos reservados.