Depois de “bater na trave ” em alguns anos recentes, a fruticultura brasileira, terceira maior do mundo em volume produzido, só atrás da China e da Índia, emplacou um valor exportado superior a 1 bilhão de dólares anuais em 2021 e manteve a marca em 2023, após pequeno recuo em 2022.
Com efeito, nos dois anos citados , as vendas externas do setor alcançaram um patamar superior a 1, 2 bilhão de dólares. Manga (U$312 milhões ), melão (U$ 189 milhões), uva (U$ 179 milhões), limão (U$ 172 milhões), melancia (U$ 74 milhões ), mamão (U$ 53 milhões ), abacate (U$ 39 milhões ) e maçã (U$ 31 milhões ) compõem o ranking das oito fruteiras mais vendidas no mercado externo.
Bahia , Pernambuco e Rio Grande do Norte figuram na lista dos Estados maiores produtores e exportadores, com destaque para a produção e vendas no exterior de manga (a Bahia é líder nessa pauta), uva, melão e mamão (Bahia lidera a produção nacional).
O abacate é o produto que vem se revelando como uma nova pauta no universo de nossas exportações , superando outros itens de nossa produção interna, como banana, laranja, maçã , abacaxi e outras frutas de elevados níveis de produção e consumo internos. As projeções da FAO indicam que essa fruta deverá supera em 2030 as exportações globais de fruteiras importantes, como a manga. A Bahia ainda não tem posição de destaque entre os Estados produtores, figurando atrás de São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Espírito Santo. Alguns analistas, porém, sugerem que o nosso Estado tem potencial para crescer de forma significativa, especialmente no vale do São Francisco, Recôncavo e até no Extremo Sul. Cabe ao governo estadual mobilizar os órgãos de pesquisa e fomento com vistas a ampliar a área de produção dessa promissora cultura. Infelizmente, a EBDA, instituição mais indicada para estimular essa atividade na pauta baiana de frutas, foi extinta, e com isso o valioso acervo de pesquisas, do banco de germoplasma e da produção e distribuição de mudas de frutas tropicais, exóticas e nativas da Estação Experimental de Conceição do Almeida foi perdido. Cabe empreender um esforço para , quem sabe, recuperar parte desse trabalho, que foi liderado por pesquisadores do calibre científico de José Uzeda Luna.
A despeito dessa evolução positiva das exportações brasileiras recentes de frutas, o Brasil tem potencial para aumentar as nossas vendas externas , bem como incentivar o consumo interno de frutas, regra geral, muito abaixo dos padrões internacionais Só para citar um exemplo, o nosso consumo interno por habitante-ano de abacate é estimado em 1 quilo percapita, ante 8 quilos por habitante-ano do México (aí tem toda um culinária voltada para o consumo da fruta com açúcar e também uma variedade de pratos salgados, com destaque para a conhecida guacamole) e 5 quilos observados nos EUA. Aqui ,a preferência é pelo consumo do avocado, um abacate de tamanho menor que o nosso e de “tempo de prateleira” maior que o fruto convencional, o que permite transportar o produto por vários dias e semanas de navio.
Quanto ao potencial de crescimento de nossas exportações setoriais apontado acima, podemos invocar o exemplo do Chile, que exportou no último ano 6,5 bilhões de dólares numa pauta frutícola composta pela uva, maçã, mirtilo, avocado, ameixas e outros itens. O forte apoio do governo chileno, uma agressiva política de acordos comerciais e abertura de mercados e baixas tarifas de importação praticada nos países compradores foram decisivos para a posição chilena no setor, em nível mundial. O Brasil tem de ser mais proativo nesse particular.