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ARMANDO AVENA – A BAHIA NÃO PODE PERDER O TREM

Redação - 02/05/2024 10:59

O futuro da Bahia e de sua economia está sendo montado agora e as lideranças políticas e empresariais e o poder público precisam se unir para enfrentar os desafios que estão postos e que, se não forem vencidos, podem fazer com que o estado perca o trem e fique a ver navios.

O primeiro desses desafios é a concretização do primeiro trecho da Ferrovia Oeste-Leste e do Porto Sul. É um desafio porque ambos os projetos estão paralisados e a Bamin, cuja subsidiária Bahia Ferrovias tem a concessão para construção e operação da Fiol 1 e do Porto Sul, atravessa um período de reestruturação, registrando prejuízo de R$ 30 milhões em 2023 e um alto grau de endividamento, que pode resultar na entrada de um novo sócio no projeto. O desafio nesse caso é garantir a celeridade da construção e operação dos dois equipamentos de infraestrutura para montar o corredor ferroviário Oeste-Leste, já que a demora pode dar azo a implementação de outras rotas ferroviárias que alijem os portos da Bahia.

Outro desafio está na montagem do corredor ferroviário Sudeste-Nordeste, operado pela Ferrovia Centro Atlântica. Ao que parece, já está definido que a VLI – Logística, controlada pela Vale, vai sair da operação do trecho baiano da ferrovia. Não será ruim para a Bahia livrar-se da Vale que abandonou a malha ferroviária e pouco investimento fez. Mas é preciso garantir a operação em boas condições da malha atual da FCA até meados de 2026, como está previsto, e exigir recursos de monta da Vale para a Bahia, tanto na outorga quanto na indenização, superiores, numa primeira análise,  a mais de R$ 10 bilhões para que, ao mesmo tempo, seja reabilitada e/ou construída a Linha Sul, que liga Salvador a Corinto (MG). E aí será necessário discutir a questão da bitola ferroviária para que a Bahia possa estar integrada aos corredores nacionais.

O cenário atual estabelece a incerteza na montagem do Corredor Leste-Oeste, que prevê a integração da FIOL com a FICO – Ferrovia de Integração Centro-Oeste, e a incerteza no corredor Sudeste-Nordeste, já que não se tem ideia do futuro da ferrovia Salvador Corinto.

Se Bahia quiser pegar o trem do futuro, além das ferrovias terá de enfrentar o desafio dos portos e das rodovias.  No caso dos portos, é preciso investimentos de modo a dotá-los de condições para receber os gigantes dos mares, navios que transportam de 12,5 mil TEUs até mastodontes que carregam 24 mil TEUs. Para isso, é preciso de no mínimo 16 m de calado. No âmbito privado houve avanços e investimentos e a Tecon/Salvador, por exemplo, já tem esse calado e pode receber tais navios, mas é preciso incluir o Porto de Aratu e todo o complexo portuário da Bahia de Todos os Santos.

No relacionado às rodovias, urge superar a saturação da BR-324, não só investindo e modernizando essa que é a única ligação de Salvador com sul e sudeste do país, mas também criando uma nova alternativa rodoviária, afinal a 5ª maior cidade do Brasil não pode ter apenas uma ligação com o sistema rodoviário nacional.

BAMIN: AS ESPECULAÇÕES NO MERCADO

No mercado, a especulação corre solta sobre o futuro da Bamin e a possibilidade da entrada de um novo sócio no negócio. Fala-se de parceiros chineses, da Anglo American e da Vale, lembrando sempre que o atual presidente da Bamin já foi presidente da Vale. A hipótese da Vale entrar na composição acionária da Bamin Mineração e consequentemente na construção e operação da do trecho 1 da Ferrovia Oeste-Leste pode ser uma boa noticia para a Bahia, afinal a Vale é uma das maiores mineradoras de ferro do mundo e se vier disposta a investir pode gerar oportunidades de negócios inclusive na área logística. Mas é preciso que venha com a garantia da concretização do projeto ferroviário.

FERROVIA É DESENVOLVIMENTO

A importância dos projetos ferroviários para a Bahia é enorme. Um estudo da Fundação Dom Cabral feito por iniciativa da SEI/Seplan listou, por exemplo, 18 municípios com alto potencial para se transformarem em centros logísticos. São municípios que já têm atividade logística expressiva e/ou entroncamentos rodoviários ou porto-aeroviários.  São eles: Alagoinhas, Barreiras, Brumado, Camaçari, Candeias, Dias D’Ávila, Eunápolis, Feira de Santana, Ilhéus/Itabuna, Jequié, Juazeiro, Lauro de Freitas, Luís Eduardo Magalhães, Mucuri, Salvador, Simões Filho, Teixeira de Freitas e Vitória da Conquista. Mas ter a Ferrovia Oeste-Leste e a FCA são essenciais para que a potencialidade se torne efetiva.

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