O movimento feito pelo União Brasil no sentido de filiar a vereadora Débora Régis, que será candidata à Prefeitura de Lauro de Freitas, tirando-a do PDT sem qualquer negociação, comprometeu seriamente a aliança entre os dois partidos e, a depender das novas movimentações políticas, não está descartado um rompimento total.
Débora Régis, líder nas pesquisas para a eleição de Lauro de Freitas, era um quadro do PDT que depositava nela a possibilidade de fortalecer-se no município elegendo uma expressiva bancada de vereadores. A negociação para que ela se filiasse ao UB para ser candidata única parece ter se dado à revelia do presidente do partido na Bahia, deputado Félix Mendonça, e causou um enorme mal estar entre os pedetistas.
Em entrevista ao jornal Tribuna da Bahia, nesta segunda-feira, Mendonça demonstrou sua indignação tachando a ação do União Brasil de golpe e afirmando que não foi um movimento de partido aliado, mas de partido de oposição.
“É um movimento que seria encarado como se fosse um partido de oposição. É claro que o partido de oposição tenta fazer esse movimento. Tirar o seu candidato. Mas o movimento foi feito pelo, então, partido aliado. Eu digo, então, porque um movimento desse não pode ser encarado como de partido aliado. Então, você reage com estranheza. E sem nenhuma justificativa, sem nenhuma conversa, sem nada, é um movimento de um partido que não respeita os aliados”, disse o deputado.
E, demonstrando toda sua insatisfação, o presidente do PDT assumiu que houve um rompimento na aliança com o União Brasil e que o que sobrou foram alianças pontuais, sem qualquer compromisso para 2026.
“Então se o partido não respeitar o aliado, estamos fazendo alianças pontuais. Vamos continuar com alianças pontuais, mas ninguém pode esquecer que em 2026 vem a aliança mais global, que é a aliança de governo. E essa então fica deteriorada com esse movimento”, afirmou Félix Mendonça na entrevista.
E, questionado se o movimento que o União Brasil fez pode comprometer a aliança no futuro, nas próximas eleições de 2026, foi enfático: “Já comprometeu.”
Na verdade, a aliança União Brasil e PDT na Bahia está por um fio, o fio que ainda segura a manutenção da candidatura da vice-prefeita Ana Paula Matos, que é do PDT, na chapa do prefeito Bruno Reis.
Tudo indica que Bruno Reis manterá Ana Paula Matos como sua candidata à vice e aí a possibilidade de rompimento estará adiada. Mas não se pode esquecer que Ana Paula Matos é um quadro ligado ao ex-prefeito ACM Neto, seguindo suas orientações. Além disso, uma outra possibilidade de candidato a vice de Bruno, o deputado Leo Prates, sempre é citado e na estratégia para 2026, pode parecer que seria o nome ideal para substituir Bruno Reis, quando este se descompatibilizar para compor a chapa de ACM Neto ao governo do Estado.
O mais provável, porém, é que o ex-prefeito ACM Neto mantenha Ana Paula Matos na vice e tente recompor a aliança. O PDT vai colocar as cartas na mesa no próximo dia 26 quando o presidente Carlos Lupi vem a Salvador. Ele terá reuniões com o prefeito de Salvador e, provavelmente, com o Governo do Estado, já que a nível nacional apoia o Presidente Lula. Se Ana Paula Mattos for mantida como candidata a vice de Bruno Reis, a aliança entre o União Brasil e o PDT estará preservada. Pelo menos, a aliança pontual. (EP – 22/04/2024)