quinta, 21 de novembro de 2024
Euro 6.0939 Dólar 5.8149

CACAU SEGUE EM ALTA, MAS OUTRO SETOR DEVE CRESCER NOS PRÓXIMOS MESES NA BAHIA; SAIBA QUAL

LUIZA SANTOS - 27/03/2024 19:08 - Atualizado 27/03/2024

A Bahia é uma das principais responsáveis pela produção de cacau do Brasil e a procura pelo produto tem acarretado uma alta nos preços, sobretudo nesta época, diante da crescente busca por chocolate. Por outro lado, a redução na produção impactou diretamente no déficit de matéria-prima e, em 2023, o estado produziu apenas 114 mil toneladas.

Em entrevista ao Bahia Econômica, Guilherme Moura, presidente da Câmara Setorial do Cacau do Ministério da Agricultura e diretor da Federação da Agricultura da Bahia (Faeb), comentou sobre a expectativa para o período.

“Os novos preços realmente trazem um novo cenário completamente diferente pra região. Afinal de contas, os preços mais que dobraram praticamente nos últimos três meses. Isso traz um impacto enorme na quantidade de dinheiro circulando na região. Esse novo cenário se realiza quando a safra começar a entrar com mais força, que é justamente a partir do próximo mês. Então a gente imagina que, se os preços se mantiverem, o impacto vai ser muito grande. A gente está falando de realmente um aumento da circulação de recursos, uma capitalização por parte dos produtores e das empresas ali do setor muito grande e a gente espera que o impacto seja bastante positivo”, disse Moura.

Segundo ele, as empresas da região estão se adaptando com o novo cenário e devem se beneficiar com a movimentação, mesmo com a alta nos preços.

“Elas têm que se adaptar a esse novo cenário. Se nós pensarmos nas empresas, sobretudo as empresas compradoras de cacau, a gente está falando em um outro volume de capital de giro para fazer aquisição da matéria-prima. Então, imagino eu que as empresas vão ter que se preparar para poder adquirir o cacau nesses novos patamares. Mas como é um comércio, elas também, no momento da venda, já vão vender seu produto, em outra condição, de forma que eu imagino que as empresas da região que estão envolvidas com a agricultura, vão se beneficiar também desse novo movimento. As empresas têm que se preparar. É um novo volume de recursos para você trocar a operação, mas eu imagino que também quando se concluir, fizer a venda e tudo mais, também o retorno vai ser muito maior”, analisou.

Apesar da valorização do produto, o presidente pontuou que ainda não existe um aumento na procura de terras para plantação de cacau. Em sua análise, devido à oscilação no preço, a tendência é que nos próximos meses o movimento sofra um recuo.

“E com relação ao aumento de procura de terras, eu acho que ainda não, né? Porque, assim, tudo é muito novo, o cacau é um commodity agrícola, nós sabemos que os preços oscilam, então, existe uma expectativa muito grande pra começar a surfar nesse novo movimento. Se esse novo movimento for um movimento de médio prazo, e até parece que será, pelas características do cacau, não deve refluir com muita força, assim, nos próximos meses, pela tendência. Tudo leva a crer que isso vai impactar, seja no preço da terra, seja no aumento da procura de terra pra plantação de cacau”, explicou.

Por outro lado, Guilherme acredita que o mercado de insumos agropecuários deve aquecer nos próximos meses, gerando mais contratações e, consequentemente, uma movimentação na economia local.

“As empresas de insumos agropecuários, essa sim, né? Imagino que também vão melhorar bastante essa comercialização. Deve aquecer esse mercado de insumos agropecuários. Porque com esses novos preços, a tendência é que o produtor faça mais uso de tecnologia, compre mais insumos, aqueça, faça contratação de mais pessoas. Então a contratação de gente tem um impacto em cascata, aquece toda a economia, a gente passa a viver aí um novo momento de dinamismo econômico da região, porque afinal de contas o cacau tem uma relevância muito grande na economia dessa região. E as empresas de insumos agropecuários também. O produtor passa a investir com muito mais força no seu negócio e isso reflete diretamente na aquisição de insumos, de fertilizantes defensivos, máquinas, equipamentos. Então, as empresas que, as instituições de empresas que estão de alguma forma ligadas ao setor devem se beneficiar positivamente com esse novo cenário”, finalizou.

Foto: Paula Laboissiêre/Agência Brasil

Copyright © 2023 Bahia Economica - Todos os direitos reservados.