Em janeiro deste ano, o número de consumidores inadimplentes no Brasil registrou um aumento, revertendo uma tendência de queda nos dois meses anteriores, conforme revelado por um levantamento da Serasa. Comparado ao mesmo período do ano anterior, o número de inadimplentes também cresceu, passando de 70,09 milhões para 72,07 milhões de pessoas em janeiro de 2024. O estudo identificou que os principais motivos para a inadimplência nos anos de 2022 e 2023 foram o desemprego e a redução na renda, com o desemprego sendo apontado por 29% dos endividados em 2022 e por 22% em 2023, enquanto a redução de renda foi citada por 12% e 20%, respectivamente.
O cartão de crédito permanece como a principal fonte de dívida entre os inadimplentes, representando 55% das dívidas no ano passado. Além disso, a pesquisa revelou que sete em cada dez brasileiros costumam parcelar suas compras, sendo a maior parte devido à falta de recursos para pagamento à vista.
Embora a educação financeira seja vital para combater a inadimplência a longo prazo, é crucial reconhecer que a principal questão é a baixa renda dos brasileiros, aliada às altas taxas de juros. Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, enfatizou a importância de medidas como o combate ao desemprego, a formalização do mercado de trabalho, a educação financeira, o microcrédito e a proteção do consumidor para enfrentar o problema de forma abrangente e sustentável.
Para Meirelles, é equivocado considerar que a inadimplência é resultado de falta de educação financeira, destacando que muitos brasileiros se endividam devido à insuficiência de renda. Ele ressaltou a importância de ampliar o acesso ao microcrédito e promover o crédito responsável, além de fortalecer os mecanismos de proteção do consumidor contra práticas abusivas de crédito e cobrança.
Para auxiliar aqueles que estão endividados, o Programa Desenrola Brasil, do Ministério da Fazenda, está promovendo um mutirão de renegociação de dívidas até 28 de março. Com a participação de mais de 700 empresas, incluindo bancos, financeiras e operadoras de telefonia, o programa oferece descontos de até 96% e condições facilitadas de pagamento, beneficiando milhões de brasileiros e proporcionando alívio financeiro.
Foto: José Cruz/Agência Brasil