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ENTREVISTA COM JORGE ARTUR QUEIROZ, CONSULTOR E MULTIPLICADOR NA ÁREA DE ESG

João Paulo - 27/11/2023 05:59

Bahia Econômica – Quais as principais características da ESG?

Jorge Artur Queiroz – ESG refere-se a critérios ambientais, sociais e de governança, que são utilizados para avaliar o desempenho de uma empresa ou investimento em termos de sustentabilidade e responsabilidade corporativa.

Esses critérios fundamentam-se em princípios e valores que são interconectados e buscam criar um equilíbrio entre os objetivos financeiros, sociais e ambientais de uma empresa. A integração efetiva desses princípios na cultura e nas práticas de uma organização pode resultar em benefícios à longo prazo, incluindo maior confiança dos investidores, atratividade para talentos, e mitigação de riscos relacionados a questões sociais e ambientais.

Nós da Rede Matriz Criativa compreendemos que as dimensões ambientais, sociais e de governança estão interconectadas e têm um impacto direto na resiliência e no desempenho à longo prazo das empresas.

Entendemos que adotar uma abordagem holística é crucial, por isso identificando oportunidades para fortalecer as dimensões ambientais, sociais e de governança, criando um plano de ação adaptado às metas e valores da empresa.

Nossa equipe experiente traz consigo uma bagagem diversificada, e é capacitada para criar soluções personalizadas que vão além do financeiro, visando a sustentabilidade e a responsabilidade social. Para tanto, partimos do potencial de cada ser humano para desenvolver redes de cooperação, desenvolvemos encontros centrados na afetividade para mediar interesses superando modelos centrados em disputas.

Esta é justamente a principal diferencial trazido por este novo paradigma de negócio: a busca por inovações que, ao reaproveitar insumos, protejam o meio ambiente ao mesmo tempo em que diminuem o custo de produção; ou o desenvolvimento de ações que contribuam para o desenvolvimento local sustentável ao mesmo tempo que fortalece a reputação da empresa e evita litígios.

Para entender melhor, aqui estão as principais características de cada componente do ESG:

  1. Ambiental (E – Environmental) – Inclui a consideração de práticas e políticas que visam à conservação e proteção do meio ambiente, bem como a gestão responsável dos recursos naturais.

Valorização ações que buscam a diminuição das emissões de gases de efeito estufa e a transição para fontes de energia mais limpas e renováveis.

Compromisso em preservar a diversidade biológica e proteger ecossistemas naturais. 

Nesta dimensão, a empresa é avaliada, considerando:

  • Gestão de Resíduos e Emissões: Avalia a eficiência da empresa na gestão de resíduos e na redução das emissões de carbono.
  • Eficiência Energética: Refere-se às práticas adotadas para otimizar o uso de recursos energéticos e a transição para fontes de energia renovável.
  • Conservação da Biodiversidade: Considera a maneira como a empresa aborda a conservação da biodiversidade e a proteção do meio ambiente.
  1. Social (S – Social): Enfatiza a importância de práticas que promovam a equidade, igualdade de oportunidades e justiça social, tanto dentro da empresa quanto em suas relações com a comunidade.

Valoriza o respeito e a promoção dos direitos humanos em todas as operações da empresa, evitando práticas que possam violar esses direitos.

Destaca a importância de promover ambientes de trabalho diversificados e inclusivos, reconhecendo e valorizando a diversidade de experiências, origens e perspectivas.

Nesta dimensão, a empresa é avaliada, considerando:

  • Relações com Funcionários: Avalia as práticas de gestão de recursos humanos, incluindo condições de trabalho, salários justos e diversidade e inclusão.
  • Responsabilidade Social Corporativa: Examina as atividades e práticas da empresa em relação à comunidade, filantropia e iniciativas sociais.
  • Direitos Humanos: Verifica se a empresa respeita os direitos humanos em todas as suas operações.
  1. Governança (G – Governance): Promove a transparência nas operações da empresa, garantindo que informações relevantes sejam divulgadas de maneira clara e compreensível. Incentiva a adoção de práticas éticas em todas as decisões e operações da empresa, evitando corrupção e comportamentos antiéticos.

Nesta dimensão é considerada:

  • Estrutura de Governança Corporativa: Analisa como a empresa é administrada, incluindo a estrutura do conselho, transparência e a independência dos diretores.
  • Ética Empresarial: Avalia as políticas e práticas éticas adotadas pela empresa em suas operações.
  • Gestão de Riscos e Conformidade: Examina como a empresa gerencia riscos, conformidade com regulamentações e padrões éticos.

Bahia Econômica – Por que ele tem crescido tanto nos últimos anos?

Jorge Artur Queiroz – O crescimento do ESG reflete uma mudança de paradigma em que as empresas reconhecem que o sucesso à longo prazo está intrinsecamente ligado à responsabilidade social e à gestão sustentável dos negócios. O reconhecimento desses fatores impulsionou uma revolução no modo como as empresas operam e são percebidas pela sociedade e pelos investidores.

Ao longo de nossa prática enquanto consultoria, observamos e buscamos demonstrar para nossos clientes como adotar uma visão de negócios mais criativa pode reduzir custos, aumentar o aproveitamento dos recursos investidos e garantir financiamentos.

Os ganhos são muitos, e aos poucos as empresas vão percebendo as vantagens da adesão a este novo paradigma. De modo mais detalhado podemos citar como impulsionadores da mudança:

Mudança nas Expectativas dos Investidores: que passaram a considerar não apenas o desempenho financeiro de uma empresa, mas também seu impacto social e ambiental.

Análise de riscos e Oportunidades Financeiras: como regulamentações ambientais mais rigorosas ou como inovação sustentável,

Impacto das Mudanças Climáticas: empresas que se envolvem em práticas ESG estão mais bem posicionadas para enfrentar os desafios associados às mudanças climáticas e para prosperar em uma economia mais verde.

Crescente Consciência Social: consumidores e funcionários estão mais propensos a apoiar empresas que demonstram comprometimento com práticas éticas, inclusivas e sustentáveis.

Pressões Regulatórias Crescentes: O aumento da regulamentação em relação a questões ambientais, sociais e de governança, em diversas jurisdições ao redor do mundo, impulsionou as empresas a adotarem práticas que estejam em conformidade com as normas e a evoluírem em direção à responsabilidade social.

Valorização da Transparência e Prestação de Contas: A divulgação de informações permite que as partes interessadas, incluindo investidores, consumidores e comunidades, avaliem o desempenho de uma empresa em relação a esses critérios.

Atração de Talentos: profissionais talentosos, especialmente das gerações mais jovens, demonstram uma preferência por empresas que compartilham valores de responsabilidade social e sustentabilidade.

Compreensão da Interconexão ESG: A compreensão de que as dimensões ambientais, sociais e de governança estão interconectadas e têm um impacto direto na resiliência e no desempenho à longo prazo das empresas aumentou. As empresas percebem que adotar uma abordagem holística é crucial.

Inovação e Competitividade: Empresas que incorporam práticas ESG muitas vezes são mais inovadoras e resilientes, tornando-se mais competitivas em mercados em constante evolução. A adaptação a padrões éticos e sustentáveis pode impulsionar a inovação e a eficiência operacional.

Bahia Econômica – No mercado da Bahia como o senhor avalia a instalação dessa modalidade de gestão?

Jorge Artur Queiroz – A Bahia é conhecida por ter uma economia diversificada, incluindo setores como agricultura, indústria, turismo e energia. A adoção de práticas ESG pode variar entre esses setores, com empresas de energia, por exemplo, frequentemente enfrentando uma pressão maior para adotar práticas ambientais sustentáveis.

Dada a abundância de recursos naturais na Bahia, como vento e sol, as empresas relacionadas à energia renovável na região podem ter incentivos adicionais para adotar práticas ESG, alinhando-se às expectativas globais de sustentabilidade.

Também é importante considerar a existência de iniciativas públicas e regulamentações estaduais ou municipais que promovam práticas sustentáveis e responsáveis pode influenciar a adoção de ESG por empresas na Bahia. Isso inclui incentivos fiscais, programas de certificação ou regulamentações ambientais mais rigorosas.

A Rede Matriz Criativa, trabalha alinhada com essas novas demandas, por isso desenvolvemos projetos de diálogo social que possibilita a mediação entre interesses do poder público, sociedade civil e iniciativa privada.

Bahia Econômica – Como a prática do ESG pode impulsionar na geração de emprego

Jorge Artur Queiroz – O ESG, assim como todos os novos modelos de negócio preocupados com a sustentabilidade socioambiental, vem inaugurando todo um campo de atuação para profissionais das ciências humanas e naturais. Também profissionais da cultura e da saúde vão aos poucos integrando quadros e contribuindo para o desenvolvimento de ações que integram cuidado com os negócios, com o meio ambiente, com as pessoas e a sociedade.

Bahia Econômica – Como as empresas devem se preparar para a prática no futuro?

Jorge Artur Queiroz – Adotar o ESG é em si uma preparação para as demandas do futuro. Uma empresa interessada em ser referência de pioneirismo em seu setor primeiro superar o paradigma “cuidado socioambiental X produtividade” e deve estar atento às novas tecnologias sociais e de produção, que impulsionem esta mudança.

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