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A BAHIA, A ARGENTINA E O TURISMO – ARMANDO AVENA

Redação - 09/11/2023 06:52 - Atualizado 09/11/2023

A Argentina está em crise, mas o Rio de Janeiro recebeu este mês milhares de turistas argentinos que vieram assistir a final da Taça Libertadores da América. Isso acontece porque, assim como no Brasil, uma parcela expressiva da classe média argentina não é afetada pela crise, tem seus recursos em dólar ou em investimentos que protegem suas aplicações. Entre janeiro e julho deste ano, o país que mais enviou turistas ao Brasil foi a Argentina, quatro vezes mais que o segundo lugar, os Estados Unidos.

Ora, um mercado emissor de turistas desse porte não pode ser menosprezado e está na hora da Bahia, especialmente Salvador, voltar a ser um grande mercado receptor de argentinos. Em 2019, por exemplo, dos 2,7 milhões de argentinos que vieram ao Brasil, 200 mil aportaram na Bahia. E pelo menos metade deles por via aérea, através dos aeroportos de Salvador e Porto Seguro. Ora, isso significa que, em 2019, a Bahia recebeu duas vezes mais turistas argentinos do que portugueses e três vezes mais do que espanhóis. Nesse ano, decolaram  da Bahia em direção à Buenos Aires o dobro de aviões que foram para Lisboa, a maioria deles da Aerolíneas Argentinas, mas também da Tam e da Gol. Os dados são da Anac e Ministério da Justiça.

 Infelizmente, a pandemia paralisou esse fluxo turístico que só agora começa a se recompor. Mas, ainda assim, em 2023, a Aerolíneas Argentinas registrou duas vezes mais decolagens do que a Air Europa e já se aproxima da Tap. Em 2023, o fluxo de turistas entre Salvador e Buenos Aires já atingiu 30 mil pessoas, próximo aos números da TAP. Os voos diretos entre Salvador e Buenos Aires e outros com escalas rápidas são fundamentais, mas muitos argentinos entram por outras cidades e depois se dirigem à Bahia. Para se ter uma ideia do potencial desse mercado emissor, no acumulado dos sete primeiros meses de 2023, os argentinos que chegaram ao Brasil somaram 1,4 milhão e a Bahia tem potencial de atrair cerca de 10% ou mais desse montante.

 A verdade é que atraindo mais argentinos, Salvador pode se consolidar como principal portão de entrada de turistas estrangeiros na Região Nordeste e precisa cada vez mais do incentivo do poder público, não só com a divulgação mais efetiva do destino Bahia na Argentina, mas também com a busca de novos voos e de outras facilidades para o turista, como a isenção de ICMS nas compras. É verdade, que o peso está desvalorizado, que os hermanos estão com a inflação nas alturas, que muitas mudanças econômicas virão, mas, seja com Massa ou Milei (vade retro!), os argentinos, especialmente a classe média e alta, continuarão viajando.

 Junto com o Rio de Janeiro, o produto Bahia é o melhor do país em termos de turismo internacional e, se fosse ampliada a rede de voos, estaria entre os mais visitados destinos do mundo. Não vamos esquecer que o Ceará está sediando o hub da Air France-KLM e Pernambuco o hubs da Azul, mas, ainda assim, a Bahia permanece como o 3º principal pólo receptor de turistas estrangeiros do país por via aérea e porta de entrada no Nordeste.

                      VLI – LUCRO SEM INVESTIMENTO

A empresa Enel, concessionária de energia elétrica em São Paulo, mostrou que não tem condições de administrar um serviço público, pois, ao que parece, não tem responsabilidade social e não cumpre o cronograma de investimentos.  A Bahia tem um caso parecido. Trata-se da Ferrovia Centro-Atlântica, controlada pela VLI Logística, leia-se Vale, Mitsui e Brookfield, que quer renovar a concessão sem grandes investimentos na malha ferroviária, como fez nos últimos 30 anos. A linha dá lucro, é rentável, mas a empresa quer ter lucro sem investir. A VLI não investiu quase nada no Corredor Minas – Bahia e ainda sucateou a linha Salvador/ Sergipe e a que liga Alagoinhas a Juazeiro. É hora de jogar pesado.

                             COELBA NA ASSEMBLEIA

Outro caso é o da Coelba, cuja atuação é alvo de subcomissão na Assembleia Legislativa. O contrato de concessão da Coelba vence em 2027 e a solicitação de renovação será em 2024. Deputados da subcomissão dizem que as queixas contra a ineficácia da empresa vêm de todos os lados, desde consumidores insatisfeitos, como de empresários, cujos investimentos estão parados por falta de energia. O lucro da empresa chegou a quase R$ 5 bilhões em 2022, mas há quase 30 mil obras na Bahia que não estão sendo atendidas. Na região Oeste, a atuação da Coelba é considerada um dos empecilhos para o desenvolvimento. Renovação de concessão, só com garantia de investimento e multa por atraso.

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