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‘HOMEOPATIA NÃO FUNCIONA MELHOR QUE UM PLACEBO’, APONTA ESTUDO PUBLICADO EM LIVRO

Emilly Lima - 17/07/2023 19:07

A microbiologista Natalia Pasternak, presidente do Instituto Questão de Ciência (IQC), e o jornalista Carlos Orsi, diretor da entidade, publicaram um livro com resultados inéditos que afirmam que as terapias de homeopatia, acupuntura e psicanálise não funcionam melhor que um placebo e ainda causam danos à saúde.

A obra, lançada nesta semana, fala sobre 12 práticas classificadas pela maior parte da comunidade científica como pseudociências ou crenças sem fundamento. “O livro não é de opinião, ele é um trabalho científico detalhado. A gente explica o contexto histórico onde aquelas pseudociências ou crenças nasceram, o contexto social e político da época, as evidências científicas, se já foi testada, como foi testada e o que a melhor evidência diz. E está absolutamente referenciado em publicações científicas e de divulgação científica. […] No capítulo de acupuntura, o leitor vai perceber que a medicina tradicional chinesa não é tão tradicional assim. Ela foi uma invenção política”, destacou Pasternak, em entrevista ao Estadão.

Os autores, que ganharam o Prêmio Jabuti em 2021 na categoria Ciências pela obra Ciência no cotidiano: viva a razão. Abaixo a ignorância!, lançam agora o “Que bobagem! pseudociências e outros absurdos que não merecem ser levados a sério”. Para Pasternak, mesmo pessoas esclarecidas e que defendem a ciência podem ter “uma pseudociência de estimação” e é importante explicar o que essas terapias são na prática. “As pseudociências, em geral, têm uma ligação emocional, histórica, familiar com a pessoa, então não é algo que passa toda vez por um crivo de racionalidade e de compreensão do processo científico.”

A microbiologista diz ainda que o livro quer desmistificar a crença de que “se não funciona, pelo menos mal não faz”. “Nenhuma dessas práticas é inofensiva. Elas podem mascarar sintomas, atrasar diagnósticos, afastar pessoas de tratamentos”, disse a autora.

A obra ainda apresenta capítulos sobre astrologia, constelação familiar, curas naturais e energéticas, entre outras. Os autores ressaltam na publicação o mercado de produtos e serviços relacionado às pseudociências. Como descrevem no livro, o objetivo não é “desqualificar ou demonizar” quem acredita em práticas sem comprovação, mas mostrar que eles podem ter sido vítimas de um “marketing perverso e de uma sociedade que não investe em letramento científico e ensino de pensamento crítico e racional”.

“O livro todo não é de opinião, ele é um trabalho científico detalhado. A gente explica o contexto histórico onde aquelas pseudociências ou crenças nasceram, o contexto social e político da época, as evidências científicas, se já foi testada, como foi testada, o que a melhor evidência diz. A gente explica quais são as alegações de como aquela pseudociência poderia funcionar ou como as pessoas acreditam que ela funcione. E tudo isso não é a nossa opinião, tudo está absolutamente referenciado em publicações científicas e de divulgação científica por mestres como Martin Gardner, Carl Sagan, James Randi. Se você olhar a bibliografia do livro, ela é extensa. E alguém que escreve uma nota de repúdio dizendo que os autores não sabem do que estão falando corre o grande risco de dizer que todas as nossas referências também não sabem do que estão falando”, completa.

O Estado de S.Paulo

Foto: Reprodução

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