sábado, 28 de setembro de 2024
Euro 6.1121 Dólar 5.4583

ENTREVISTA COM MAURÍCIO LOPES CRUZ – PRESIDENTE DA OEC ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO

João Paulo - 15/05/2023 06:00

Bahia Econômica – O Brasil passou por um momento muito delicado em relação a sua infraestrutura. Devido à pandemia da covid e diversos outros fatores o país acabou sofrendo nesse aspecto. Como o senhor analisa o cenário atual para infraestrutura no Brasil no curto e longo prazo?

Maurício Lopes – Nós estamos num momento muito desafiador. Nós passamos por um ano ou por um período onde o país teve uma queda brusca no seu investimento por questões como a pandemia da covid 19, a falta de uma política adequada e diversos outros fatores. Falando do cenário atual eu vejo um momento muito promissor para o Brasil e sua infraestrutura. Do ano de 2022 pra cá nós estamos observando o cenário de investimentos em alta no país. Um fator de destaque aqui é a atual política internacional que o país adotou após as eleições. Nós passamos um período nos afastando da politica internacional e agora é diferente. Temos uma politica internacional expansionista que busca atrair investimentos em varias áreas e a infraestrutura deve está presente nesse cenário. Porém existem alguns gargalos que precisam ser resolvidos

Bahia Econômica – Quais seriam ?

Maurício Lopes – Falando um pouco de números, segundo pesquisas recentes o Brasil necessita de 2% de investimento do seu PIB para que as obras que estão prontas no Brasil sejam mantidas funcionando em perfeito estado. Ou seja, 2% de PIB apenas para manter as estradas em estado bom, as pontes, as ferrovias, e diversos outros. O Brasil precisa de 4% do PIB para manter as obras em perfeito estado mais fazer investimentos suficientes para manter o padrão necessário de crescimento da população e suas necessidades. No ano passado, 2022, o país investiu só 39% do valor necessário para atender a manutenção das obras, ou seja, não chegamos nem a ter o necessário para manter as obras funcionando bem. E dentro desse contexto eu digo. As obras são as maiores geradoras de emprego do país e hoje não se tem o investimento necessário para se manter em perfeito estado.

Bahia Econômica – E a iniciativa privada, ajuda como nesse aspecto ?

Maurício Lopes – Esse é um aspecto delicado que precisa ser explicado. A iniciativa privada tem que ser parceira do estado. Mas não pode ser sozinha. Ou seja. O estado sozinho, não tem condições financeiras de resolver tudo que o país precisa e a iniciativa privada sozinha não vai chegar até as localidades extremas e atingir a toda população, pois existem áreas que são inviáveis financeiramente. Exemplo hipotético. Vou levar esgoto para uma população distante. Se não houver desenvolvimento para a empresa privada poder chegar na região e ter lucro ela não vai entrar em nenhuma concessão. Então o governo terá que fazer, terá que manter e não vai lucrar nada com isso. Então é preciso que haja uma parceria. O Governo traz desenvolvimento para região com vários setores e a infraestrutura chega por concessão e se expande para se manter viável.

Bahia Econômica – Qual o percentual de investimento da iniciativa privada hoje no Brasil. E qual a média de governo ?

Maurício Lopes – Esses números mudam o tempo todo, mas o que é preciso se destacar é que é preciso que haja uma parceria. Pare iniciativa privada, parte governo.

Bahia Econômica – Em relação ao BNDES como o senhor avalia o papel dele ?   

Maurício Lopes – Eu acho o banco muito importante para o setor de infraestrutura. Quando começou aquela história muito politica de o banco emprestar dinheiro para Cuba, Venezuela e a imprensa batendo e criticando eu me posicionei muito favorável a ideia do projeto. Essa linha de crédito internacional vai ajudar a instituição se fortalecer. Você empresta dinheiro e recebe a juros. Claro que tomar calote em algumas situações não é bom, mas no caso do Brasil, houveram os seguros que evitaram as perdas históricas, mas a essência do projeto eu acho que muito sadia financeiramente.

Bahia Econômica – Falando de Bahia, qual a importância da Ponte Salvador Itaparica para o segmento no estado?

Maurício Lopes – Eu acho que a ponte terá um papel fundamental para a infraestrutura da Bahia em vários aspectos. Empresa chinesa vai construir o projeto, mas a área de Itaparica vai precisar de muita obra para a nova demanda que ela terá.  Então existem vários segmentos que vão está de olho nesse projeto. Destacando a construção civil e o segmento logístico através de seus galpões e seus centros de distribuição. Por isso eu sou muito favorável à obra. Acredito que a região de Itaparica será um novo vetor de desenvolvimento para o estado. Temos polos econômicos grandes que devem se desenvolver com o encurtamento da distancia para o porto por exemplo.

Bahia Econômica – A OR já tem algum projeto planejado para a área de Itaparica?

Maurício Lopes – Estamos na expectativa da Ponte. Estamos atentos aos prazos e com certeza vamos avaliar todas as possibilidades da região para investimentos. Mas, no momento nada de concreto.

Foto: (Foto: Divulgação)

Copyright © 2023 Bahia Economica - Todos os direitos reservados.