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ADARY OLIVEIRA- RECORDANDO PARA NÃO ESQUECER

SX - 15/02/2023 09:06 - Atualizado 15/02/2023

Muitas são as diretrizes que podem proporcionar o desenvolvimento da Bahia com a realização de investimentos que acarretem o aumento da produção de bens e serviços, mas nenhuma delas têm a força da trilogia adensamento das cadeias produtivas, interiorização dos investimentos e internacionalização das empresas. O desenvolvimento que se deseja não pode ficar apenas na Região Metropolitana de Salvador ou no Recôncavo Baiano. Ele deve se expandir para o interior, como forma de atingir toda a população, eliminando os bolsões de miséria e encontrando meios para criar riqueza em todos os cantos e rincões, erradicando a pobreza e libertando as pessoas do julgo proporcionado pela concentração de renda.

Iniciei minha vida de funcionário público atraído pelo Programa de Industrialização do Interior (Prointer) idealizado por Manoel Barros. Fiz parte de uma equipe de técnicos constituída de engenheiros, economistas, advogados, contabilistas, administradores que elaboravam projetos empresariais pelo interior do Estado. Eram projetos simples de iniciativa de micro e pequenos empresários que recebiam apoio governamental para organizar negócios, estudar mercados, projetar a produção, gerenciar as finanças e se estabelecerem com boa orientação técnica. Tudo isso numa época que a Bahia industrial dava os primeiros passos com o Centro Industrial da Aratu (CIA), alguns Distritos Industriais nos principais municípios e a implantação do Polo Petroquímico de Camaçari. O entendimento que se tinha era que a principal força puxadora de investimentos para o interior era a disponibilidade de matérias-primas, o que se confirmou com o desenvolvimento da extração mineral, a fabricação de celulose e papel, e mais recentemente, com a exploração e produção de petróleo e gás natural com participação de empresas privadas.

A formação de cadeias produtivas seguia a orientação do mestre Rômulo de Almeida quando defendia a estratégia regional de desconcentração concentrada, expandindo na região Nordeste a indústria de transformação para atendimento de mercados formados em outras regiões, principalmente o Sudeste. O complexo industrial integrado do Polo Petroquímico passou a fornecer insumos básicos industriais para empresas localizadas aqui e em outras regiões nas áreas de produção de têxteis, plásticos, elastômeros, tintas, vernizes, fertilizantes, tensoativos e tantas outras importantes da economia. Não fomos bem-sucedidos em algumas cadeias, é verdade, como na têxtil que chegamos a produzir a três principais resinas (poliéster, acrílico e náilon), além do algodão, sem, contudo, conseguirmos montar a série completa com fios, tecidos, confecções e moda. Outro exemplo é o do cacau, em que fomos os maiores produtores das amêndoas sem termos aqui produção de chocolate em grande escala. São vários exemplos semelhantes como óleos vegetais, fibras naturais, tabaco, e muitos outros.

Quando se fala em internacionalização das empresas logramos maior sucesso, e a primeira empresa que vem à mente é a que Norberto Odebrecht constituiu, vindo a se tornar a maior companhia de engenharia do Brasil. No exterior se instalava com grande fama em qualquer país, grande ou pequeno, e levava consigo técnicos, materiais de construção, implementos, além de excepcional técnica administrativa e de construção. A sua especialização era tornar fácil o difícil, não havendo limitações para executar construções de estradas, pontes, viadutos, barragens, complexos industriais, aeroportos, tudo com mão de obra levada daqui. Mas não é só no setor de serviços que devemos promover a internacionalização das empresas. Muitas das empresas aqui instaladas têm condições de comercializar seus produtos em outros países, com benefícios para a qualidade, escala e solidez do negócio.

Essas coisas boas de se recordar servem para animar o ambiente empresarial, lembrando que somos capazes de muito realizar e que continuamos com a mesma força e vontade de efetivação. Isso é muito válido quando se inicia um novo governo, para mostrar que devemos no ocupar com ações que nos leve ao desenvolvimento, capazes de promover a redução da pobreza e das desigualdades.

Adary Oliveira é engenheiro químico e professor (Dr.) – [email protected]

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