Com a contínua e bem-vinda ascensão de práticasESG junto a grandes corporações da cadeia produtiva, expressões como “compartilhar valor” e “articulação em rede” ganham cada vez mais espaço no cenário global. Mas o que elas têm em comum? Seria a força da coletividade? É um fenômeno do século XXI ou trata-se de algo inerente à organização social humana?
A partir de 1808, com o vertiginoso aquecimento da atividade comercial na Bahia decorrente da abertura dos portos brasileiros às nações amigas de Portugal, pavimentou-se o surgimento de uma das instituições mais emblemáticas no que se refere à força histórica da coletividade empresarial brasileira: a Associação Comercial da Bahia – ACB, instituição de classe mais antiga da América do Sul, fundada em 1811, originalmente como “Praça do Comércio da Bahia”, em Salvador – BA.
Importante espaço para a representação dos interesses dos comerciários e suas transações comerciais e financeiras, desde a época em que a capital baiana era a maior cidade da América do Sul e já se destacava por possuir o porto mais movimentado do Hemisfério Sul, a ACB foi catalisadora da força do empresariado, atuando em marcos históricos de grande relevância para o país.
Foi em seu majestoso palácio, em 1837, que tivemos o primeiro escritório da Wilson Sons, hoje considerada a maior operadora de logística marítima e portuária do Brasil. Em seu edifício surgiram as primeiras sedes de renomadas organizações, tais como a Bolsa de Valores do Brasil, Banco do Brasil, Correios e Banco Econômico, chegando ainda a sediar o revolucionário sistema do telégrafo que ligava as províncias do Império com a Europa, via cabo submarino. Até hoje possui ampla e valiosa pinacoteca, a exemplo da obra “A Chegada da Família Real à Bahia” de Cândido Portinari, de 1952, localizada em uma parede inteira na Sala da Presidência. Seu salão nobre foi palco de memoráveis eventos, dentre bailes imperiais, banquetes e reuniões empresariais. Tais reuniões denotavam a força econômica e social da associação, a exemplo da sua participação na criação do Polo Petroquímico de Camaçari, em 1970. Com frequência, ainda são promovidas plenárias onde se fomentam pautas acerca da promoção do desenvolvimento sustentável, prosperidade e bem-estar entre a sociedade civil, a iniciativa privada e órgãos públicos.
Parceiros seculares e originalmente baianos, ao longo dos 185 anos que a companhia acaba de completar, a história da Wilson Sons se mistura à da ACB, afinal, compartilham o berço da primeira cidade portuária do Brasil, Salvador.
Fortalecida ao longo dos séculos, a parceria compartilha o compromisso genuíno com o desenvolvimento socioeconômico nacional e baiano, a partir da articulação em rede e da valorização de memórias e patrimônios imateriais brasileiros.
Temos a alegria de encerrar o ano de 2022 fazendo parte da entrega para a sociedade da reforma e restauração do Paço da Associação Comercial da Bahia, reiterando a importância de se preservar e valorizar a nossa história e origem, para que possamos projetar horizontes melhores para todos. A iniciativa se deu através da parceria com a ACB e a Prefeitura Municipal de Salvador, por meio da Lei de Incentivo “Faz Cultura”.
Ao longo dos anos, a atuação da associação comercial vem promovendo a geração de mais oportunidades, bem-estar econômico, social e responsabilidade ambiental, alicerçados em arrojados padrões de governança. Essa consagrada instituição, que congrega alguns dos mais importantes representantes da força empresarial baiana, merece ser mais valorizada e devidamente conhecida por cada cidadão, principalmente os baianos. Disseminar a importância e potencial da ACB, imbuídos do desejo de que mais organizações possam somar à força que essa ela mobiliza, é um caminho promissor para evoluirmos rumo a uma sociedade mais justa e equilibrada.
Vida longa à parceria, quase bicentenária, da Wilson Sons e Associação Comercial da Bahia, instituição que historicamente soma à jornada empresarial de um articulado e importante grupo, corroborando com o propósito de que “juntos, trabalhamos para transformar realidades e entregar futuros melhores”, a começar pela capital da Amazônia Azul, a potente e diversa Baía de Todos-os-Santos.