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O AQUECIMENTO GLOBAL E OS NEGACIONISTAS – ARMANDO AVENA

Redação - 25/11/2022 09:49 - Atualizado 25/11/2022

O século XXI pode entrar para a história como o século do negacionismo ou, ao contrário, como o século da credulidade.

Sim, pois o que se nota no mundo atual não é apenas a tendência em desacreditar em tudo aquilo que é cientificamente provado ou historicamente transmitido, mas também outra disposição igualmente intensa que fortalece a primeira e tem como característica crer naquilo que não é crível, no que não tem base cientifica e carece de sustentabilidade racional. O mais grave é que ambas as tendências caminham em direção ao obscurantismo. E isso vale tanto para o mundo físico quanto para o  mundo social.

No mundo físico, não desperdiçarei o tempo do leitor lembrando as milhões de pessoas que afirmam que a terra é plana, e só no Brasil 7% da população acredita nessa bobagem, segundo o Datafolha. Tampouco vou falar daqueles que não acreditam nas vacinas ou que creem, sem qualquer embasamento cientifico, nas mentirosas reações  que as ridículas teorias da conspiração afirmam que elas possuem. Esse tipo de crença provem da ignorância, da visão deturpada de seguidores religiosos e de uma lógica emocional intrinsicamente equivocada.

Mas não posso deixa de falar do negacionismo absurdo dos que não querem ver que nosso planeta, o único que temos está sendo destruído. Esta semana o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse no Egito, na COP27, a cúpula do clima da ONU, que estamos em uma estrada cujo destino é o inferno climático e com o pé no acelerador. É uma frase forte, mas não forte o bastante para fazer com pessoas esclarecidas achem que isso é balela e que nada vai acontecer. Assim, milhões de pessoas ao redor do mundo não acreditam no esquentamento da Terra, mesmo com os eventos climáticos sinalizando por toda a parte que é isso mesmo que está acontecendo.

E a irracionalidade chega às raias do absurdo ao verificar que muitos dos cérebros mais potentes do mundo, especialmente os que habitam o Vale do Silício nos Estados Unidos ou a  cidade de Shenzhen, no sul da China, acreditam que a tecnologia poderá vencer a natureza em revolta. E a irracionalidade chega as raias da ignorância quando os homens mais ricos do mundo, ou ao menos a maioria deles, ao invés de estar lutando pela preservação do planeta preferem construir bunkers luxuosíssimos, alguns ao custo US$ 10 milhões, na vã ilusão de que assim se protegeriam de uma crise climática sem precedentes. Pode se assustar, leitor, e passar a acreditar, pois essa emergência climática já está dando sinais de que virá e, se atualmente já estamos sentido com mais frequência e magnitude ondas de calor, secas, inundações, tempestades de inverno, furacões e incêndios florestais, imagine quando a temperatura média do planeta aumentar.

Publicado no jornal A Tarde em 25/11/2022

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