A Black Friday é só na próxima semana, última sexta de novembro, mas o comércio todo está na campanha já faz um bom tempo.
Projeções da Fecomércio-BA apontam que setores mais ligados à ação, como o de eletrodomésticos e eletrônicos, devem faturar R$ 4,3 bilhões este mês no estado, número 0,5% maior que o registrado no mesmo período do ano passado.
Com a promessa de descontos de até 70%, a dica dos especialistas em finanças e varejo para o consumidor interessado em fazer bons negócios e comprar com preços mais em conta, contudo, é ter foco no preço e na necessidade real – isso para não perder dinheiro, gastar em excesso, endividar-se, ou até cair em armadilhas.
Segundo o educador financeiro Reinaldo Domingos, do canal “Dinheiro à Vista”, no YouTube, atitudes simples, como pesquisar antes (valores) e ter a garantia da reputação do estabelecimento onde se pretende fazer a compra, podem evitar dor de cabeça ou prejuízo. “É preciso ter foco nos preços, conhecê-los antes, e só buscar aquilo que realmente necessita, passeando em sites, lojas para ter a certeza de que está fazendo um bom negócio. Agir por impulso, nesse momento, pode prejudicar o bolso”, explica.
Presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (Abefin), e PhD no tema, Domingos destaca que a campanha de vendas é uma “oportunidade” boa para o consumo, assim “como o Natal, as liquidações, saldões, às vezes com preços mais convidativos”. Mas, que não faz milagre e os questionamentos a serem feitos são “eu realmente preciso disso? É para presente? Quem vai receber esse presente precisa disso ou outra coisa? Qual o preço estava antes (da Black Friday)?”.
“Fazer compras de forma planejada e consciente é um dos principais segredos da educação financeira e da arte de poupar. Deste modo é mais difícil se deixar levar por impulso ou apelo. Faça uma lista detalhada de tudo aquilo que pretende comprar e de quem deseja presentear, considerando principalmente o quanto pretende gastar com cada item”, diz o educador. “E não compre se para isso precisar se endividar. Parcelamento também é uma forma de dívida. Se for inevitável, tenha certeza de que caberá no orçamento dos próximos meses, e que a compra não trará custos extras para a família”, fala.
Falando em preço alto, o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze, também ressalta que o consumidor precisa ficar atento à Black Friday, lembrando que, na região de Salvador, os preços médios de eletrodomésticos e equipamentos subiram 18,69% nos últimos 12 meses. “O refrigerador, por exemplo, teve aumento de 21,70%, variação próxima a 20,78%, da máquina de lavar roupa. Outro item que teve majoração anual de preços foi o fogão, de 16,11%. Por outro lado, o destaque fica com o computador pessoal com queda de 7,36% e do aparelho de som, -5,78%”, afirma Dietze, através da assessoria de imprensa.
Para o economista o ritmo do comércio só não deve ser mais positivo por conta dos juros elevados, que “dificultam o acesso ao crédito pelo consumidor e deixa os produtos que dependem de crédito, com um valor mais caro”. “Além disso, o nível elevado de famílias com contas em atraso traz certa limitação de consumo”. Ainda de segundo Dietze, Auxílio Brasil e 13º salário, contudo, devem estimular o consumo no varejo para a Black Friday e a Copa do Mundo.
A dica, segundo ele é que o consumidor faça uma “lista dos produtos desejados e monitore os preços pela internet, para saber se efetivamente o produto ofertado em promoção está abaixo do preço médio praticado anteriormente à data”. Autor do podcast “Falando de Fraudes”, o advogado especializado também em direito do consumidor Afonso Morais alerta para o aumento de casos de falcatruas esta época, falando que “Black Friday não é milagre”, e para desconfiar de preço muito barato.
“Mais do que em outros anos, temos observado um número cada vez maior de crimes e de reclamações pós-compra por parte dos consumidores. Muito caso de promoção falsa, ou mesmo meliante tentando tirar dinheiro das vítimas”, diz o sócio do escritório Morais Advogados Associados.
Cuidado com os dados e onde clica, ele fala. “Informações pessoais, como telefone, CPF, endereço e número de cartões devem ser fonte de grande preocupação. Evite colocar esses dados em qualquer formulário e sempre verifique se o site acessado seja realmente seguro. E cuidado ao clicar só clique em link se tiver certeza de que é seguro. Para isso, observe à esquerda do endereço do site se tem a imagem de um cadeado, que significa segurança, mas também se possui a sigla https no endereço da web. Busque sempre as páginas oficiais (das marcas)”.
Foto: Comércio em São Paulo da Black Friday / Renato S. Cerqueira/Futura Press/Folhapress