Pouca gente conhece Matopiba, um país que não sabe o que é crise econômica. O Matopiba é um país especializado no agronegócio, possui um território maior do que a Ucrânia, faz parte do Brasil e sua capital fica na Bahia. O Matopiba é o bioma do cerrado que abarca os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – a mais nova fronteira agrícola brasileira – e tem como capital a cidade de Luiz Eduardo Magalhães, na Região Oeste.
E é nesta cidade, de pouco mais de 90 mil habitantes, que possui a décima maior economia da Bahia e o quinto maior PIB per capita e ocupa o quarto lugar no ranking estadual do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que esta semana foi aberta, após mais de dois anos de recesso por causa da pandemia, a Bahia Farm Show. É a maior feira do agronegócio no Norte-Nordeste e a segunda maior do país em realização de negócios, atrás apenas da Agrishow, a maior da América Latina, realizada no interior de São Paulo. Não é para menos, entre os 100 maiores municípios agroindustriais do Brasil, 14 estão no Matopiba, sendo nove na Bahia e, entre os 10 maiores municípios produtores de grãos do Brasil, dois deles, Formosa do Rio Preto e São Desidério, estão no Oeste da Bahia.
É por isso que em sua 16ª edição, a Bahia Farm Show deve movimentar cerca de R$ 2 bilhões em negócios. A feira é uma vitrine dos produtores do Matopiba, que é quase um país e com pouco mais de 6 milhões de habitantes produz cerca de 10% da produção brasileira de grãos, algo como 25 milhões de toneladas. Na região Oeste, em se plantando tudo dá – com irrigação, é claro – e o dinheiro corre solto o ano todo, mas especialmente no tempo da colheita. Este ano a feira teve quase 200 mil m², constituindo-se um verdadeiro shopping centers de produtos agroindustriais, com ênfase total na tecnologia, mas também focado nos serviços, nas startups, na agricultura familiar e em tudo aquilo que movimenta a economia agroindustrial.
A importância do agronegócio no Oeste da Bahia é tão grande que conseguiu atrair políticos de todos os matizes para a inauguração da Bahia Farm Show, mas todos eles estão em dívida com a população e os produtores locais. Em comparação com outras regiões prósperas do agronegócio, como no interior de São Paulo ou regiões do Centro-Oeste, o Oeste da Bahia ainda se ressente de mais atenção. A deficiência em infraestrutura ainda é grande, especialmente no relacionado a estradas vicinais e armazenamento e logística em geral, isso para não falar em saneamento, educação e saúde. Apesar disso, nem a pandemia conseguiu parar a região e, seja no plantio ou na colheita, o que se vê é o comércio e os serviços se ampliando, o agronegócio se expandindo e feiras e eventos, como a Bahia Farm Show, mostrando a pujança do Oeste da Bahia e do Matopiba.
EDUCAÇÃO SEM POLÍTICOS
Desde que a Bahia é Bahia, quem indica os diretores das escolas são os políticos. E esta é uma das razões para o atraso da educação na Bahia. No Ceará é diferente. Existe a seleção meritocrática de gestores escolares e para se tornar um diretor ou coordenador escolar é preciso primeiro passar seis meses à disposição do Estado para aprender a ser gestor. Essa, entre outras ações, fez o Ceará aumentar a nota no Ideb – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica de 2,8 para 6,3, uma das maiores do país, em pouco mais de uma década. Claro, criou-se também um programa de alfabetização na idade certa e o repasse de ICMS aos municípios foi vinculado a um índice da qualidade do ensino.
SALVADOR E AS ROTAS INTERNACIONAIS
É bem vinda a notícia de que Salvador voltará a ter dois voos semanais da Air Europa, mas, ao mesmo tempo, causa espécie que apenas duas rotas internacionais: Lisboa, com a TAP, e Buenos Aires, com a Aerolíneas Argentinas, estejam em operação. Antes da pandemia, 11 voos internacionais eram operados a partir do Aeroporto de Salvador, incluindo rotas para Santiago e Córdoba, na Argentina. E havia vários voos charters. É verdade que o preço do querosene de aviação ficou proibitivo, mas já passou da hora do Aeroporto de Salvador, o governo do Estado e a prefeitura unirem esforços para atrair novas rotas. Qualquer incentivo nessa área, volta quadruplicado em forma de turistas.