Por Thiago Conceição
Em entrevista ao Bahia Econômica, o ex-senador e ex-secretário do Planejamento, Waldeck Ornélas, diz que observa com otimismo o leilão de concessão das etapas 3 a 9 do Projeto Público de Irrigação Baixio de Irecê, vencido nessa quarta-feira (1º) pelo fundo BRL T 210 FIP Multiestratégia Investimento no Exterior (veja aqui). Para Ornélas, que é o autor da emenda que incluiu os perímetros de irrigação na Lei de Concessões (de iniciativa do Poder Executivo), esse é um passo importante para o avanço econômico da região do Médio São Francisco. A perspectiva é baseada na possibilidade de criação de um grande polo baiano de produção agrícola.
“Vejo o resultado do leilão com muito entusiasmo, em especial pelo fato de ser o primeiro projeto de perímetro licitado, desde uma lei de 1995. Como senador, fui autor da emenda que incluiu os perímetros de irrigação na Lei. Quando a gente atrai o setor privado para o modelo, existe a possibilidade de maior eficiência econômica e um resultado mais expressivo na produção”, afirma Ornélas.
O ex-senador acrescenta que o processo de licitação do Baixio de Irecê era para ter acontecido há anos, mas a resistência política com o tema da privatização acarretou na demora para a conclusão do certame, que é o primeiro da modalidade de um projeto público de irrigação no país.
“Cerca de 20 anos depois, período que pode ser comparado com o de uma geração, o leilão aconteceu. Infelizmente, a iniciativa foi atropelada pelos projetos de transposição do rio São Francisco. Isso contribuiu para retardar o desenvolvimento econômico do Médio São Francisco”, explica Ornélas.
Agora, com o leilão concluído, o ex-secretário do Planejamento prevê que o projeto vai permitir o surgimento de um grande polo de produção agrícola e criatório na região, possibilitando ainda a reativação da hidrovia do São Francisco e o avanço de planos do governo como o da BR dos Rios.
De acordo com o governo federal, a concessão, de 35 anos, deverá beneficiar cerca de 250 mil pessoas. O potencial é de geração de 180 mil empregos diretos e indiretos. Os investimentos deverão ser de R$ 1,1 bilhão durante a vigência do contrato com a concessionária, que ficará responsável pela implantação, operação e manutenção da infraestrutura de irrigação.
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