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ADARY OLIVEIRA – ESTRATÉGIAS E PRIORIDADES DA INDUSTRIALIZAÇÃO

Redação - 25/04/2022 10:14 - Atualizado 25/04/2022

A industrialização é um valioso instrumento para a promoção do desenvolvimento na medida em que aumenta o valor acumulado da produção de bens e serviços e movimenta a economia, gerando novas oportunidades de negócios e de avanço da riqueza. No tempo em que o carvão era a principal matéria-prima na geração de energia a regra básica tida como principal era de que a “indústria se localiza perto das minas de carvão”. Com o passar do tempo veio a prática de uma fábrica usar como matéria-prima o produto de outra, fomentando a integração e o surgimento de fornecedores especializados de materiais e serviços, o princípio dominante passou a ser “a indústria atrai indústria”. Tem grande peso nos dias de hoje a “acessibilidade aos mercados”, superando em muitos casos a existência local de matéria-prima. Para o bom funcionamento das manufaturas, entretanto, nenhum fator é mais importante do que a disponibilidade de mão-de-obra especializada.

Aqui na Bahia, por exemplo, a ocorrência de granitos e rochas ornamentais de grande variedade de cores e beleza, nunca atraiu grandes fabricantes de placas decorativas, o que nos mantém como meros fornecedores de blocos, de menor valor agregado. A nossa petroquímica já produziu simultaneamente as resinas usadas pela indústria têxtil na fabricação de fios e tecidos de náilon, poliéster e acrílico. Duas das três fábricas fecharam e não foram suficientes para que se instalasse aqui um polo têxtil possante. Apesar de termos no Oeste a segunda maior produção de algodão do País e dele se combinar bem com o poliéster em vários tecidos, continuamos exportando as plumas de fibra longa. Também, nunca tivemos aqui grande produção de chocolates, apesar de liderarmos o cultivo do cacau.

Estou convencido que no momento não existe oportunidade melhor para a realização de novos investimentos do que a ampliação da fábrica de fertilizantes nitrogenados e a instalação da de fosfatados e potássicos. A fábrica de amônia e ureia, pioneira do Polo Petroquímico, está funcionando bem, consome matéria-prima nacional, dispõe de profissionais especializados e competentes. Ademais há um agronegócio demandante desses produtos e importador grandes quantidades de adubos. Vale lembrar que a soja produzida no Oeste foi o primeiro produto de nossas exportações em 2021, superando óleo combustível, celulose, minérios, petroquímica etc., numa demonstração de força e supremacia. A produção de rochas fosfáticas e potássicas dependem de maior apoio do governo para realização de pesquisas e exploração. A Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) está aí equipada para ser uma grande aliada nesse particular. Reforça tal convencimento não só a existência de minerais, conhecimento tecnológico, crescente produção agrícola e a força do mercado mundial de grãos.

A produção mineral da Bahia prospera a passos largos, resultado da exploração atual de mais de 40 minerais e enormes perspectivas futuras, indo do vanádio ao ferro, do diamante ao alumínio, do titânio ao cobre. Há mais de 40 anos quando se iniciou o projeto de exploração cobre de mina Jaguarari, ouvimos histórias que a mina duraria no máximo cinco anos. O projeto atual é para mais 25 anos. A bauxita, de mina com 300 km de comprimento por 30 km de largura, na região de Jaguaquara, poderia já estar operando. A leitura dos relatórios da CBPM são de nos encher de esperança. O avanço da exploração mineral só caminhará rápido quando for concluída a Ferrovia de Integração Oeste Leste (FIOL) e o Porto Sul. O governo deveria trabalhar mais para acelerar sua realização, pondo mais fichas na mesa do jogo de exploração mineral.

Em qualquer plano de governo não se pode esquecer a ampliação da produção de celulose pela alta competitividade exercida no mercado internacional, embasada na imbatível produtividade florestal. Para a sua manutenção não nos falta tecnologia, terra farta e de boa qualidade, e sol o ano inteiro. O mais difícil foi provar ao mundo que a celulose de fibra curta do eucalipto poderia se transformar em insumo universal para fabricação de papel, concorrendo com a celulose do pinheiro. Depois de aberto o caminho, temos de avançar cada vez mais nesse domínio. Para isso temos competência na fabricação de máquinas e equipamentos, na operação industrial e na produção de madeira.

No momento em que estamos nos livrando da pandemia do Covid e os candidatos começam a construir seus planos de campanha, é sempre bom lembrar que temos riqueza adormecida e um pouco de otimismo não faz mal a ninguém.

Adary Oliveira é engenheiro químico e professor (Dr.) – [email protected]

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