Por Thiago Conceição
Em entrevista exclusiva ao Bahia Econômica, o vice-governador João Leão, presidente do PP na Bahia, explica os rumos que serão tomados pela sigla após o rompimento com o PT e a parceria com o ex-prefeito ACM Neto, que deve ser anunciada uma coletiva marcada para o final da manhã da próxima quinta-feira (17), no Hotel Fiesta, em Salvador.
Leão ainda falou sobre a relação com Wagner e Rui após os episódios que culminaram na mudança de rumo dos Progressistas no estado. O vice-governador deixou a base governista na segunda-feira, 14, após o senador Jaques Wagner ter anunciado a saída da disputa eleitoral ao governo e a permanência do governador Rui Costa no cargo até o final do ano, tirando a possibilidade de Leão assumir o Palácio de Ondina nos próximos meses.
Bahia Econômica – Após a quebra da aliança com o PT na Bahia, quais são os próximos passos?
João Leão – Nós vamos fazer uma coletiva, junto com ACM Neto, nesta quinta-feira, 11:30H, no Hotel Fiesta. E vamos apresentar os novos rumos, com a possibilidade de seguir algumas das linhas políticas de Neto. Nenhuma possibilidade está descartada.
Bahia Econômica – Com relação ao apoio para as eleições presidenciais, ACM Neto tem adotado o tom de neutralidade sobre uma preferencia política. Da sua parte, existe a possibilidade de seguir a mesma linha?
João Leão – Eu tenho uma amizade pessoal com o ex-presidente Lula, cheguei a ser líder do governo no Congresso durante quatro anos. Também tenho uma amizade com Bolsonaro, que foi da minha bancada. A depender da maneira como a gente for tratado, é possível ter certo alinhamento político com ACM Neto.
Bahia Econômica – Após ser uma peça-chave no rompimento do PP com o PT na Bahia, como fica a relação com Wagner?
João Leão – Não posso dizer como fica a relação por parte dele, mas minha posição é a seguinte: não existe nada na vida melhor que o perdão. E sempre tive um relacionamento com Wagner, a Bahia toda viu como seria o acordo feito com o PT.
Bahia Econômica – Qual a avaliação sobre a fala de Rui de que “Ninguém pode colocar a faca no meu pescoço e dizer para abrir mão do mandato”, dita em coletiva nesta terça-feira, 15?
João Leão – Não encostei a faca no pescoço de ninguém, aquilo não foi dito para mim. E sempre tive uma boa relação com Rui. Então aquilo não foi dito sobre mim.
Bahia Econômica – Existe a sensação de traição por parte do PT?
João Leão – Não posso dizer que fui traído, pois não tiraram absolutamente nada. Por vontade própria, entreguei as três secretarias, a de Planejamento [Seplan] a Secretaria de Desenvolvimento Econômico [SDE] e a de Infraestrutura Hídrica e Saneamento [Seinfra]. Ou seja, não me tiraram nada.
Bahia Econômica – Ciro Nogueira, presidente nacional do PP, é o atual ministro-chefe da Casa Civil do governo Bolsonaro, tal proximidade pode influenciar um posicionamento político para a disputa presidencial?
João Leão – Eu sou vice-presidente nacional dos Progressistas. Tenho liberdade e independência total em decisões que envolvam o apoio ou não de um candidato. O mesmo vale para o PP na Bahia, a gente tem autonomia política total. E com base nesta autonomia vamos anunciar muitas novidades na próxima quinta-feira.
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