A primeira dose da vacina brasileira contra a covid-19, nomeada tecnicamente como RNA MCTI CIMATEC HDT, foi aplicada em um voluntário, em Salvador, nesta quinta-feira (13). O evento aconteceu na sede do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai/Cimatec), que conduz a pesquisa.
O evento contou com a participação de autoridades como os ministros Marcos Pontes, da Ciência, Tecnologia e Inovações, e João Roma, da Cidadania, e o presidente da RedeVírus MCTI e secretário de Pesquisa e Formação Científica do MCTI, Marcelo Morales.
Esta foi uma das etapas do estudo clínico de Fase I do imunizante, que conta com a participação de seres humanos. Aspectos como segurança, capacidade de indução da resposta imunológica e possíveis reações adversas serão avaliados. O estudo clínico, aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no dia 26 de agosto, será realizado no Hospital da Bahia.
A vacina será avaliada em um cronograma de dose única e duas doses com intervalos diferentes. O primeiro grupo receberá duas doses com intervalo de 29 dias. Já o segundo grupo receberá duas doses com intervalo de 57 dias. O terceiro grupo de voluntários receberá uma dose única da vacina. Serão avaliados três níveis de dose (1 μg, 5 μg ou 25 μg) no ensaio clínico.
O ensaio conta com a participação de 90 voluntários, entre homens e mulheres de 18 a 55 anos, não vacinados ou vacinados com duas doses que apresentam percentual de anticorpos neutralizantes menor ou igual a 40%. Os voluntários serão acompanhados por 364 dias.
A partir do estudo, os cientistas pretendem determinar a dose segura e o regime de doses capaz de estimular a resposta durável de anticorpos neutralizantes contra o SARS-CoV-2. A pesquisa é desenvolvida em parceria com a HDT Bio Corp, dos Estados Unidos e com a RedeVírus do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).
A vacina brasileira é o primeiro imunizante com a tecnologia de replicon de RNA a ter uma fase de estudo clínico realizada no país. A previsão é de que os testes de Fase II contem com 400 voluntários. Já os ensaios de Fase III preveem a participação de 3 mil a 5 mil pessoas.
Em pronunciamento durante o evento, o ministro Marcos Pontes afirmou que a vacina brasileira poderá contribuir a longo prazo para a autossuficiência do país em relação ao suprimento de doses de imunizantes contra a Covid-19.
“Nos momentos mais difíceis da humanidade, a ciência foi lá para resgatar a humanidade. Estamos vivendo um momento desses e vendo a importância da ciência, de cada pesquisador, de cada laboratório, para que a gente tenha resultados que nos tirem dessa situação de pandemia e que nos ajude a recuperar economicamente o país”, disse Pontes.
O secretário de Pesquisa e Formação Científica do MCTI, Marcelo Morales, também destacou a importância do investimento na ciência nacional.
“Os cientistas brasileiros estão dando um passo importante e mostrando que a ciência nacional é capaz de resolver os problemas do Brasil. Foi assim durante a crise do Zika, os pesquisadores rapidamente resolveram o problema. Durante o derramamento de óleo nas praias brasileiras, os pesquisadores brasileiros foram recrutados”, afirmou Morales durante o evento.