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O BALANÇO DE 2022: COMÉRCIO E SERVIÇOS: ARMANDO AVENA – COLUNA NO JORNAL A TARDE

Redação - 23/12/2021 07:31

Há entre os empresários baianos um misto alívio e preocupação com os rumos da economia brasileira. O alívio vem da recuperação da atividade econômica em vários segmentos, após o sufoco de 2020 quando a economia passou meses fechada. O comércio varejista, por exemplo, vai encerrar o ano com um crescimento de 9,6% no faturamento, segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia.

É verdade que esse crescimento é calculado em relação a uma base deprimida, pois em 2020 se verificou uma queda de 7% na atividade, mas ainda assim mostram nítida recuperação. O presidente da Fecomércio – Ba, Carlos Andrade, diz que as vendas no Natal deste ano vão ser maiores do que no ano passado e  prevê que em 2022 o comércio varejista vai recuperar o patamar de antes da pandemia. Mas, se a retomada trouxe alívio para o setor, as perspectivas para 2022 são vistas com preocupação. Carlos Andrade  lista três fatores que podem impactar negativamente o setor: juros altos e em ascensão, inflação alta e crédito caro e burocratizado.

Esses fatores não dão lugar a previsões otimistas, mas o presidente da Fecomércio diz que mantém um otimismo cauteloso afirmando que existem também fatores positivos como o crescimento nas vendas, a previsão  de que o PIB vai crescer em 2022 e o fato de existir capacidade ociosa na economia. Segundo ele, o país necessita urgentemente de uma reforma administrativa e, especialmente, de uma reforma tributária que reduza o gravame na atividade produtiva e estimule os negócios.

Mas ele está consciente de que 2022 será um ano eleitoral e que dificilmente temas como esses serão votados no Congresso Nacional, mas reitera que o Brasil precisa de “mais gestão e menos política” e “menos Brasília e mais recursos destinados diretamente aos municípios”. Por fim, ressalta a necessidade de um Refis estadual, para que as pequenas empresas e os microempreendedores possam parcelar suas dívidas. Aliás, o superintendente do Sebrae/Bahia, Jorge Khoury, segue a mesma linha e afirma que o maior desafio para a recuperação  das micro e pequenas empresas em 2021 foi o acesso ao crédito, que continua inacessível para os pequenos, pois a estrutura bancária brasileira privilegia as grandes empresas. Khoury aplaude a aprovação do Refis, que vai parcelar as dívidas e está à espera da sanção do Presidente da República.

No geral, o ano de 2021 foi bom para o setor terciário da economia, afinal, além do desempenho do comércio, o setor de serviços vai crescer em torno de 12% e as atividades turísticas registram incremento de 50%. Claro, a comparação é em relação a 2020, quando esses setores passaram meses com as portas fechadas, mas, ainda assim, demonstra o dinamismo e a resiliência da economia baiana.

                    2021: INDÚSTRIA E AGROINDÚSTRIA

O ano de 2021 não foi bom para a indústria de transformação, cuja produção vai cair cerca de 14% em relação a 2020. O fechamento da Ford e a queda no refino de petróleo impediram a retomada, apesar da recuperação de alguns setores como calçados e celulose. Com isso, o setor registrou o maior nível de emprego industrial desde 2014, segundo a Fieb. Para 2022, as perspectivas são melhores, pois a Refinaria de Mataripe, que representa 30% da indústria baiana, deve voltar a operar a plena carga. E, vale destacar, a indústria da construção civil teve um ano de ouro e a mineração vai de vento em popa. Já o agronegócio, que representa 25% do PIB, vai crescer mais de 6% em 2021.

                            PERSPECTIVAS PARA 2022

O ano de 2022 vai começar com inflação e taxa de juros de 10% ao ano e com possibilidade de retração da economia. A taxa de desemprego é altíssima, o dólar beira os 6 reais e, no orçamento de 2022, o gasto em investimento é o menor da história. O cenário é ruim e só não será pior por causa dos R$ 400,00 do Auxílio Brasil.  Não dá para ser otimista, especialmente num ano eleitoral,  mas espero que em 2022 tudo aconteça diferente do previsto e que o país possa encontrar o caminho da paz e da prosperidade. E dou um descanso da economia pelas próximas semanas voltando no dia 13 de janeiro. Ao mesmo tempo, desejo ao leitor um Feliz Natal e um Ano Novo cheio de felicidade e alegria.

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