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CASOS DE ÔMICRON DISPARAM NA ÁFRICA MAS GRAVIDADE É INCÓGNITA

Redação - 03/12/2021 11:15 - Atualizado 03/12/2021

A ômicron, nova variante do coronavírus, agora é dominante na África do Sul e está causando um forte aumento no número de novas infecções, segundo autoridades de saúde. Cerca de 8,5 mil novos casos de covid foram registrados segundo o último dado referente ao total de infecções diárias. Esse valor é quase o dobro dos 4,3 mil casos de confirmados no dia anterior.

Há poucas semanas, em meados de novembro, as infecções registradas diariamente estavam em uma média de 200 a 300. A variante ômicron vem chamando a atenção de especialistas pela quantidade e pela variedade de mutações genéticas. Ainda há muitas dúvidas, no entanto, sobre a nova variante — como o nível de gravidade da infecção que ela causa e se ela será capaz de escapar do efeito das vacinas atualmente em uso

A OMS classificou a ômicron como uma “variante de preocupação” e diz que evidências preliminares sugerem que existe um risco elevado de reinfecção. A variante já foi detectada em pelo menos 24 países ao redor do mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). A África do Sul foi o primeiro país a detectar a nova variante que sofreu alto grau de mutação. O Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis (NICD) da África do Sul disse que mais de 70% de todos os genomas de vírus que sequenciou no mês passado foram da nova variante.

Índia, Gana, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos estão entre os últimos países a confirmarem seus primeiros casos da variante. Outros países, incluindo Reino Unido, Estados Unidos e Alemanha, também já identificaram pessoas infectadas pela nova variante. No Brasil, pelo menos três casos ligados à nova variante já foram confirmados. Nesse contexto, especialistas esperam aumento da taxa de nova infecções nesta quarta onda da covid na África do Sul, e o departamento nacional de saúde afirma que também houve um ligeiro aumento nas internações hospitalares.

Para o correspondente de saúde da BBC, Nick Triggle, ainda é difícil dizer o que isso tudo significa para o resto do mundo, dado que a África do Sul teve uma onda impulsionada por outra variante (beta) que não decolou em outros lugares. O epidemiologista Salim Abdool Karim, da Africa Task Force for Coronavirus (Força Tarefa da África contra o Coronavírus), diz que, como aconteceu com as variantes beta e delta, o panorama completo na África do Sul não ficará claro até que “as pessoas fiquem tão doentes que precisem ir ao hospital”, o que geralmente ocorre “três, quatro semanas depois”.

“Mas o feedback que estamos recebendo é que realmente não há sinais de alerta — não estamos vendo nada dramaticamente diferente, o que estamos vendo é o que estamos acostumados”, disse ele ao programa Newsday da BBC. Cientistas e autoridades do mundo todo estão atentos ao que ocorre no sul da África, na busca de entender as características e os possíveis efeitos da nova variante.

A médica sul-africana que primeiro identificou a nova variante ômicron do coronavírus, Angelique Coetzee, disse que os pacientes infectados até determinado momento mostraram “sintomas extremamente leves” — mas explicou que mais tempo ainda é necessário para avaliar o efeito em pessoas vulneráveis. Especialistas vêm alertando que ainda não há elementos suficientes para determinar se a nova variante tende a gerar infecções mais ou menos graves.

Na quarta-feira (1°/12), a líder técnica da OMS para a covid-19, Maria Van Kerkhove, destacou que ainda é cedo para entender as propriedade da variante e que a entidade está avaliando dados enviados diariamente pelos diferentes países. Van Kerkhove disse que há indícios de que a variante pode ser mais transmissível, mas que mais estudos são necessários para se ter certeza disso. “Esperamos ter mais informações sobre a transmissão em alguns dias, não necessariamente em semanas”, disse.

A especialista evitou comentar o nível de gravidade da variante, também por falta de dados. “Temos visto relatos de casos da ômicron que vão desde uma doença leve até uma doença grave. Há alguma indicação de que alguns dos pacientes estão apresentando doença leve (…) mas, novamente, ainda é cedo.”. A maioria das pessoas que foram hospitalizadas na África do Sul não foram vacinadas contra o coronavírus, de acordo com o NICD.

Não há escassez de vacinas no país, e o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, pediu que mais pessoas fossem vacinadas, dizendo que essa continua a ser a melhor maneira de combater o vírus. Cerca de 24% dos sul-africanos já foram totalmente vacinados — muito mais do que a média de 6% registrada no continente africano em outubro, mas abaixo da última média europeia de 54%.

Foto: divulgação

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