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INFLAÇÃO DEIXA CARURU DE SÃO COSME E DAMIÃO MAIS MODESTO

Redação - 21/09/2021 07:35 - Atualizado 21/09/2021

Os preços dos alimentos que compõem o caruru de Cosme e Damião estão bem acima do normal. O feijão fradinho, o frango e a castanha foram os alimentos que mais subiram no mês de setembro na comparação entre 2020 e 2021. O grande campeão é o feijão, com aumento de 140%. Os alimentos no geral estão mais caros e aqueles utilizados no caruru não ficam de fora disso.

O saco com 10 kg do feijão fradinho saltou de R$ 25 para R$ 60 (140%) do ano passado para cá. Já o kg do frango congelado subiu de R$ 8,49 para R$ 10,99 (29,45%). A castanha inteira aumentou em 19,05%, passando de R$ 42 para R$ 50 o kg. Os preços são do Centro de Abastecimento da Bahia (Ceasa-Ba), administrado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE).

Mais baratos

O amendoim sem casca e a banana da terra também estão mais caros. Já a cebola, o coco seco médio, o gengibre e o quiabo tiveram queda de preço. O campeão do descontinho foi o gengibre, que custava R$ 200 em setembro do ano passado e, agora, custa R$ 80 a caixa com 15 a 17 kg. A queda foi de 60%.

Mas os preços ainda podem subir. A tendência é de que, conforme o dia 27 vá se aproximando, os valores aumentem.  E esse movimento já vem acontecendo desde o dia 1º de setembro. Na comparação entre o período até o dia 13 deste mês, azeite de dendê, cebola, gengibre, leite de coco e quiabo já ficaram mais salgados.

O que mais subiu foi o quiabo, que saiu de R$ 60 para R$ 80 o saco com 25 kg (33,33%). Logo em seguida, vem a cebola, que custava R$ 25 o saco com 20 kg no dia 1º e R$ 30 no dia 13 (20%). Em 3º lugar está o gengibre, que saltou de R$ 70 para R$ 80 (14,29%). Vale ressaltar que a SDE não informou os preços de 2020 do leite de coco e do azeite de dendê.

Você deve ouvir por aí que a inflação está em alta e ver de perto que as coisas, em geral, estão mais caras. É mais ou menos assim que funciona: se a inflação está alta, significa que tudo está mais caro, inclusive os alimentos. A inflação do mês agosto na Região Metropolitana de Salvador (RMS) fechou em 0,70%, segundo informações divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O índice foi o maior para um mês de agosto desde 2001 (portanto, há duas décadas), quando havia ficado em 1,14%.

Como explica a supervisora de disseminação de informações do IBGE, Mariana Viveiros, um dos grandes componentes da inflação é o preço dos alimentos, que vem subindo e levando com ele a inflação. “A inflação acompanha os preços, ou seja, reflete e mede o custo de vida. Se a inflação está aumentando é porque o custo de vida das pessoas está aumentando, os produtos estão mais caros”, afirma.

“Desde o segundo semestre do ano passado, temos tido uma inflação muito mais acelerada do que nos últimos anos anteriores, com aumentos maiores dos preços; o preço dos alimentos em quase todos os meses é o principal fator que puxa a inflação para cima. Aqui na RMS, os alimentos representam cerca de 20% dessa conta”, acrescenta a supervisora. (Confira aqui o vídeo do IBGE que explica como funciona a inflação)

Segundo o economista da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais (SEI), Denilson Lima, diversas variáveis explicam a alta dos preços dos alimentos em geral e dos produtos que compõem o caruru de Cosme e Damião, entre eles a demanda maior que a oferta e aumento do preço dos combustíveis e da energia. O economista explica que, com a melhora da pandemia, o setor produtivo está voltando a se aquecer e, por conta da demanda reprimida, muitas vezes está ficando difícil dar vazão a esse movimento, o que gera uma demanda maior que a oferta e, consequentemente, preços mais elevados. Lima destaca que, segundo dados do Ministério da Economia sistematizados pela SEI, foram gerados no Brasil cerca de 1,8 milhão de postos de trabalho entre janeiro e julho de 2021. Na Bahia, foram cerca de 81 mil postos a mais.

Além da retomada da economia, Lima ressalta que, com alguns alimentos, como o frango, o fator da exportação contribui muito para o aumento de preço. “A China é um grande comprador de frango, carne bovina e carne suína do Brasil e é um país que precisa e paga bem. Então os produtores priorizam a exportação e sobra menos produto para o mercado interno, que fica com preço mais elevado pela baixa oferta, seguindo a lei da oferta e da procura”, acrescenta. “E não podemos deixar de lado os preços de custo dos produtores em geral e também de alimentos, que estão mais altos, como também mostra a inflação. O custo do combustível é muito importante, assim como o da energia elétrica e isso tudo está mais caro, entra na conta do produtor e vai parar no preço final do alimento”, coloca o economista.

Foto: divulgação

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