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APAGÃO NÃO ESTÁ DESCARTADO NA BAHIA E ESPECIALISTA PROPÕE A VOLTA DO HORÁRIO DE VERÃO

Redação - 17/09/2021 18:15 - Atualizado 17/09/2021

Por Jordânia Ferreira

Com a maior crise hídrica em 91 anos, os brasileiros estão temerosos com a possibilidade de racionamento de energia. Há risco de apagões a partir de outubro, caso a produção energética adicional não aumente, pelo menos em 7,5%, alertou o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). O órgão já recomendou ao governo federal que aumente o uso das termelétricas e considere importar energia de países vizinhos.

Atualmente, os reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste, que respondem por 70% da geração de energia do Brasil, operam com 22,5% da capacidade de armazenamento. O governo federal inclusive alterou a bandeira tarifária encarecendo as contas de energia elétrica para minimizar o consumo dos brasileiros.

Na Região Nordeste, o atendimento de energia aos consumidores é realizado através da utilização dos recursos de geração hidráulica, eólica, solar e térmica disponíveis no Sistema Interligado Nacional (SIN). Em contato com o  Bahia Econômica, a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), informou que “não estão sendo visualizados impactos nesse atendimento, conforme informações apresentadas pelo ONS”.

No entanto, a Chesf acrescentou “que o reservatório de Sobradinho encontra-se, atualmente, com 44,4% de seu volume útil e a estimativa é que, na transição da estação seca para a chuvosa da Bacia Hidrográfica do São Francisco, em novembro, o reservatório esteja com 17% de seu volume útil”.

Leandro Carralero

Para o especialista e coordenador do programa de Pós-Graduação em Energias Renováveis da Unijorge, Leandro Carralero, não deve haver apagões na mesma proporção dos registrados em 2001 e 2002. “Será uma coisa mais estratégica, a ONS pode fazer pequenos apagões, tipo em algumas cidades podem ter apagões de duas horas ou três horas, e aí outra cidade, e vai deslocando para não criar um impacto muito grande e afetar o setor industrial, principalmente por causa do PIB. Quem mais vai ter problemas deve ser o próprio setor residencial, mas pode acontecer apagão sem dúvida”, explica ao Bahia Econômica.

Diante da atual conjuntura de escassez hídrica, o Ministério de Minas e Energia já pediu ao ONS um novo estudo sobre a possibilidade de retorno do horário de verão que foi extinto pelo próprio governo Jair Bolsonaro em 2019. Carralero é favorável ao horário de verão, inclusive na Bahia, que não vinha adotando a medida. A última vez que os baianos adiantaram os relógios no verão foi em 2011. O especialista justifica que o estado poderia aproveitar ao máximo o sol que está sendo incidido na Bahia e no país, “principalmente no nosso estado que não tem, seria bem interessante e não só para o setor elétrico, mas também beneficiaria o turismo e reduziria bastante o consumo de energia se tiver uma hora a mais de sol, até umas sete e pouco da noite”, argumenta.

Com a crise hídrica, vários outros tipos de energia, a eólica e a solar fotovoltaica, por exemplo, estão sendo implementadas. “A ideia é de que nos próximos leilões 70% da energia contratada seja de fontes como eólica ou solar fotovoltaica e a gente consiga isso até 2030. Hoje a eólica representa mais de 10% e a solar fotovoltaica 2% ou 3%, aproximadamente, de toda a energia gerada no país. Se espera que mais pra frente o governo dependa cada vez menos da geração de energia hidrelétrica”, avaliou Leandro Carralero.

Fotos: Divulgação

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